Manifestantes pró e contra Lula entram em confronto em SP
Manifestantes contrários e favoráveis ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entraram em confronto no final da manhã de hoje (4) em frente ao escritório da Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas, zona sul paulistana, onde Lula prestou depoimento, ao longo da manhã, no âmbito da 24ª fase da Operação Lava Jato.
O mandado de condução coercitiva atendeu a um pedido do Ministério Público Federal que acusa o ex-presidente de ter recebido vantagens de empreiteiras investigadas por participar de um esquema de corrupção na Petrobras.
No local, militantes do PT e da Central de Movimentos Populares trocaram agressões e ofensas com manifestantes que protestavam contra o ex-presidente. Houve xingamentos, agressões verbais e empurrões, mas ninguém ficou ferido. Também houve tumulto no saguão do aeroporto e, depois da confusão, a Polícia Militar procurou manter afastados os grupos contrários.
Para a costureira Tamires Suellen, a ação contra Lula é uma ofensa à democracia. “Isso o que está acontecendo é uma injustiça. É uma revolta da elite contra o Partido dos Trabalhadores. Ninguém do PSDB é investigado”, disse a militante com uma bandeira do PT nos ombros.
O piloto Tiago Ribeiro atribui a Lula e ao PT os problemas econômicos pelos quais o país passa no momento. “Eu vim porque todo mundo que me cerca está passando dificuldades. Mostrar que não dá mais”, disse.
Segundo o procurador da República, Carlos Fernando Lima, que integra a equipe de investigação da Operação Lava Jato, Lula recebeu vantagens – seja em dinheiro, presentes ou benfeitorias em imóveis – das maiores empreiteiras investigadas na operação policial. Foram, de acordo com o procurador, cerca de R$ 20 milhões em doações para o Instituto Lula e cerca de R$ 10 milhões em palestras de empresas que também financiaram benfeitorias de um sítio em Atibaia e de um triplex no Guarujá. Além da condução coercitiva, foram expedidos mandados de busca em endereços do ex-presidente.
Para o Instituto Lula, a ação da Polícia Federal deflagrada hoje (4) foi uma ação “violenta”, com o objetivo de provocar “constrangimento público” ao ex-presidente. “A violência praticada hoje contra o ex-presidente Lula e sua família, contra o Instituto Lula, a ex-deputada Clara Ant e outros cidadãos ligados ao ex-presidente, é uma agressão ao estado de direito que atinge toda sociedade brasileira. A ação da chamada Força Tarefa da Lava Jato é arbitrária, ilegal, e injustificável, além de constituir grave afronta ao Supremo Tribunal Federal”, diz trecho da extensa nota. “É uma violência contra a cidadania e contra o povo brasileiro, que reconhece em Lula o líder que uniu o Brasil e promoveu a maior ascensão social de nossa história”, diz a nota do instituto.