• A Cultura envergonhada

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  • 13/07/2017 12:30

    Conforme a “Tribuna” divulgou, Petrópolis teve a oportuna satisfação de receber a simpática visita do prof. Pierre da Silva Moraes, de Nova Friburgo, para uma palestra, na “Casa de Cláudio de Souza, – a convite da APL na pessoa de seu presidente, Gerson Valle – sobre a vida e a obra do ícone de nossa literatura, Machado de Assis. Uma ótima e profícua explanação que muito encantou e satisfez a plateia no último sábado, tanto pela maneira descontraída quanto bastante minuciosa da vida do escritor. Apesar da Casa cheia, merecia o dobro de presenças, caso as pessoas cultuassem um pouco da memória de nossa literatura, sempre tão desprezada pelo povo, de um modo geral e, em especial, pela administração pública.

    Mas no meio de ambiente tão salutar proporcionado pelo visitante, um ponto negativo, subliminarmente, passou pelos acadêmicos presentes, ao não poderem se esquivar da explicação ou justificativa do fato de não possuir-se uma sede própria e nem usufruir de qualquer ajuda financeira do poder público, tão benevolente em distribuir verbas. E o constrangimento foi em função de um paralelo com a entidade à qual pertence o professor Pierre – Academia Friburguense de Letras – que possui uma sede própria no centro da cidade com um funcionário à disposição e que, supomos, deva receber ajuda financeira de Prefeitura.

    Obviamente, não houve qualquer indelicadeza do visitante – somente surpresa – sendo o assunto comentado “en passant”, sem maiores delongas, mas eu, neste artigo, é que estou acentuando o assunto pois, há muito, questiono por uma visita, em comitiva, à Câmara de Vereadores para que possamos levantar o problema, já que sempre afirmo que em tudo há necessidade de parâmetros – o que agora se apresenta. É só uma questão política com uma boa dose de interesse cultural intrínseco, quando, por vezes, preferem patrocinar eventos de pagode, rap e funk para agradar o povão, em detrimento da verdadeira cultura já tão mutilada pelo Ministério da Cultura.

    Sempre digo que, quando reclamamos do defeito de um produto junto ao fornecedor, não nos interessa saber quem está na direção da empresa. Assim, não interessa ao gerador de impostos o mau uso das verbas públicas – só nos compete cobrar, independente da responsabilidade de cada administrador dessa grande empresa tão vilipendiada chamada Brasil S.A. Paga-se impostos, sustenta-se vasto canteiro de ervas daninhas, com raras plantas saudáveis, portanto, só nos resta cobrar. E se não fosse a cortesia e compreensão do Museu Imperial, tais reuniões teriam que ser realizadas na praça, a céu aberto. Portanto, cobremos!

    jrobertogullino@gmail.com 


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