• Petrópolis zera transmissão vertical do vírus HIV

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  • 11/07/2017 15:05

    Há sete anos sem registrar transmissão vertical (de mãe para filho) do vírus HIV, Petrópolis faz parte de uma lista de 85 municípios brasileiros que alcançaram a meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) de reduzir a quase zero o total de bebês soropositivos. O último caso registrado na cidade foi em 2010 e desde então, o trabalho desenvolvido pelas equipes do Programa Municipal de DST/Aids e das equipes do pré-natal da rede municipal de saúde tem gerado resultados positivos.

    "Ainda não recebemos oficialmente esse comunicado, mas quando soubemos que estamos neste grupo tão seleto até chorei de emoção. São anos desenvolvendo este trabalho de acompanhamento destas gestantes e dos seus bebês. É um reconhecimento merecido a todos aqui do DST e também das equipes de pré-natal que atuam no município", comemorou a coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids, Maria Inês Ferreira.

    A OMS considera que um país eliminou a transmissão vertical do vírus quando registra menos de dois bebês infectados para cada 100 nascidos de gestantes portadoras do HIV. No Estado do Rio, três dos 27 municípios fluminenses – Petrópolis, Nova Friburgo e Resende – com mais de 100 mil habitantes estão na lista da OMS e estão aptos a obter a certificação de eliminação da transmissão vertical.

    O selo de Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical de HIV e/ou Sífilis no Brasil será emitida por um Comitê Nacional que conta com o apoio da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância); Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids no Brasil) e OPAS. A entregue será em 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids.

    A certificação foi criada para incentivar o engajamento dos municípios no combate à transmissão vertical. Tendo como base uma adaptação de critérios já estabelecidos pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a certificação será concedida a municípios cujas taxas de detecção de aids em menores de cinco anos sejam iguais ou inferiores que 0,3 para cada mil crianças nascidas vivas e proporção menor ou igual a 2% de crianças com até 18 meses, que foram identificadas como infectadas pelo HIV e estão em acompanhamento no SUS, entre os anos de 2012 e 2014 em cada um dos anos.

    Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), a taxa de detecção de aids em menores de cinco anos caiu 36% nos últimos seis anos, passando de 3,9 casos por 100 mil habitantes, em 2010, para 2,5 casos por 100 mil habitantes, em 2015. A taxa em crianças dessa faixa etária é usada como indicador para monitoramento da transmissão vertical do HIV.

    "A média de casos era de um a dois por ano e o último registro foi 2010. Infelizmente essa gestante descobriu a infecção pelo HIV com 38 semanas e não houve tempo de fazer o tratamento – ela tomou apenas um mês o retro viral – e impedir a transmissão para o bebê, que nasceu quatro semanas depois da descoberta da doença", contou Maria Inês. 

    Atualmente, o Programa Municipal DST/Aids acompanha 19 gestantes infectadas com o HIV. "Para evitar a transmissão é fundamental detectar o vírus o quanto antes para que essa gestante possa tomar o medicamento, os retrovirais em tempo hábil. Assim que ela descobre o vírus ela é encaminhada para o programa e recebe toda a assistência e acompanhamento. Quando o bebê nasce, a mãe é encaminhada para o ambulatório do DST e o bebê é acompanhado pela pediatra do nosso programa. O bebê é acompanhado por um ano e meio, fazendo exames, só depois desse período, quando é descartada a infecção, ele tem alta", disse Maria Inês.

    A transmissão do vírus HIV pode acontecer em três momentos: durante a gravidez (via placentária) quando a mãe não toma os retrovirais a tempo de evitar a infecção; pelo leite materno (a mãe HIV positivo não pode amamentar) e no parto. "Como a mãe não pode amamentar entregamos leites especiais para essas crianças. Além disso, o bebê assim que nasce recebe a medicação (retro viral) por seis semanas e realiza três exames de carga viral", explicou a coordenadora do Programa DST. "O pré-natal é importantíssimo, pois a detecção do vírus precisa acontecer o mais rápido possível. Essa mãe e esse bebê precisam de todo acolhimento e atendimento possível para evitarmos que a transmissão vertical aconteça. Nosso objetivo é que 100% das mães façam o pré-natal", concluiu Maria Inês. 

    Todo o atendimento com especialistas, os testes para detecção do vírus e a distribuição de leites e medicamentos são serviços gratuitos oferecidos pelo Programa Municipal de DST. O programa funciona em um prédio anexo ao Hospital Municipal Dr. Nelson de Sá Earp (HMNSE), à Rua Paulino Afonso.


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