Documentos do Facebook indicam monopólio e amplificação do ódio
As denúncias feitas contra o Facebook por Frances Haugen, ex-funcionária da empresa, ganharam nova dimensão nos últimos dias. Desde a última sexta-feira, 22, um consórcio chamado “The Facebook Papers”, formado por 17 veículos jornalísticos dos Estados Unidos, incluindo New York Times, CNN e Washington Post, começou a publicar detalhes dos documentos vazados da empresa de Mark Zuckerberg.
Um dos arquivos publicados nesta segunda, 25, pelo site The Verge mostra que funcionários do Facebook criaram, no fim de 2019, uma classificação para diferentes países: Brasil, Índia e Estados Unidos foram colocados como a maior prioridade de monitoramento para a rede social. Segundo o site, a empresa configurou “salas de guerra” para acompanhar a rede continuamente nesses locais e alertar os funcionários da Justiça eleitoral de cada país sobre problemas.
Outras pesquisas publicadas ontem pelo site Politico revelam que o Facebook sabe que domina o mercado de redes sociais – o que pode complicar os argumentos da empresa em processos antitruste nos Estados Unidos. Segundo pesquisas internas da companhia, cerca de 78% dos adultos americanos e quase todos os adolescentes usam os serviços da companhia de Mark Zuckerberg.
De acordo com documentos obtidos pelo New York Times, pesquisadores do Facebook começaram em 2019 um estudo sobre o botão “curtir” para avaliar o que as pessoas fariam se o Facebook removesse as reações de postagens no aplicativo de fotos Instagram.
Em memorando interno no mesmo ano, pesquisadores da empresa disseram que foi a “mecânica do produto principal” do Facebook que permitiu que desinformação e discurso de ódio se espalhassem pela plataforma. “A mecânica da nossa plataforma não é neutra”, concluíram.
PESQUISAS
Os veículos tiveram acesso a documentos recebidos pelo Congresso americano, em grande maioria os materiais divulgados por Frances, que prestou depoimento no Senado dos Estados Unidos em 5 de outubro – na ocasião, ela expôs a lógica da empresa de valorizar o crescimento em detrimento da segurança dos usuários. As primeiras revelações de pesquisas internas do Facebook vieram em setembro com uma série de reportagens do Wall Street Journal.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.