Notícias do Corpo: Os dois lados da ansiedade pré-competitiva
A Maratona e a Meia estão chegando com as novas regras de saúde e começa aquele friozinho na barriga. Competir significa vencer desafios e não tenho dúvidas que isso seja saudável e nos faz sentir vivos vencendo o próprio medo. Entretanto, existem corredores, seja da elite ou qualquer um de nós, cuja ansiedade que antecede uma competição em vez de fazer bem acaba provocando o efeito contrário porque extrapola as expectativas. Hardy (1991) idealizou um gráfico em forma de “U” de cabeça para baixo onde a ansiedade pré competitiva passa do limite “travando”, por assim dizer, o corredor. São pessoas que têm dose de ansiedade exagerada que acaba comprometendo o desempenho esportivo. Essas pessoas treinam bem, mas não rendem da mesma forma na competição. Já tive atletas assim. A gente conhece o termo “amarelou” que denota bem esse caso. E como controlar essa ansiedade que extrapola os limites? Alguns autores citam que se trata de pessoas normalmente ansiosas no seu dia a dia caracterizando uma ansiedade patológica perfeitamente tratável com o próprio esporte que pratica. A diferença é que essas pessoas, mais do que nunca necessitam de um treinador ao lado delas que possa controlar a ansiedade e principalmente desenvolver a autoconfiança uma vez que, são pessoas que treinam bem, tem um bom desempenho “só” quando não estão pressionadas. Esses mesmos autores dizem que a autoconfiança e a depressão são os dois lados do “U” invertido e interligados à ansiedade. Essas pessoas precisam aprender a relaxar partindo do princípio que vão correr bem dentro do previsto porque treinou dessa forma e não há o que temer. Outra técnica muito comum entre grandes atletas é a da mentalização do percurso e posso dizer que isso funciona, técnica que pessoalmente aplico. Repito. A cobrança é natural da vida. Somos cobrados o tempo todo no trabalho, na vida pessoal e no seio familiar. Saber treinar, competir e dominar as emoções é um eterno exercício de sobrevivência. Podemos passar da euforia à depressão ou vice-versa em dois tempos. A maioria de nós já passou por isso diversas vezes, mas os próprios hormônios da corrida são os remédios naturais. E como faz bem! Prof. Moraes
Leitura Sugerida:
Hardy L, Parfitt G – A catastrophe model of anxiety and performance – Br Psychol 1991; 82: 163-178.