Oposição alemã avança para formar governo
Os social-democratas, que ficaram em primeiro lugar nas eleições legislativas de 26 de setembro, com 25,7% dos votos, os verdes e os liberais anunciaram ontem que alcançaram um acordo preliminar para a formação de um novo governo na Alemanha.
“Conseguimos, de fato, chegar a um acordo sobre um documento. É um resultado muito bom. Isso mostra, claramente, que se pode ser formar um governo na Alemanha”, comemorou o social-democrata Olaf Scholz, provável futuro chanceler, em declaração à imprensa, ao lado dos dirigentes do Partido Verde e do Partido Democrático Liberal (FDP).
As três formações, com programas muito diferentes, estão em negociações preliminares desde o início do mês para tentar formar uma coalizão inédita, sem os conservadores de Angela Merkel, que obtiveram 24,1% dos votos e registraram o pior resultado de sua história nas eleições.
Com base no documento apresentado ontem, os três partidos vão aprofundar as conversas e iniciar negociações oficiais nas quais abordarão, ponto a ponto, todos os detalhes da futura aliança.
O documento preliminar prevê que os impostos não serão elevados, além da manutenção dos limites de endividamento público. Outra das medidas planejadas é o aumento do salário mínimo de € 9,60 para € 12 por hora, algo que estava nos programas do SPD e dos verdes.
Além disso, social-democratas, verdes e liberais querem antecipar o fim do uso do carvão na Alemanha de 2038 para 2030. “Para respeitar os objetivos de proteção do clima, precisamos de uma saída acelerada da produção de energia elétrica com carvão”, afirmam os três partidos no documento.
Os avanços nas conversações não significam ainda que a coalizão será necessariamente formada e Scholz sucederá a Merkel, no governo desde 2005. A formação de uma coalizão é esperada com impaciência pelos aliados, que temem uma paralisação, especialmente da União Europeia, em caso de prorrogação do vazio político em Berlim.
O líder do FDP, Christian Lindner, disse que a coalizão “semáforo” – em referência às respectivas cores das três siglas – é uma “oportunidade”. “Se esses partidos tão diferentes conseguirem chegar a um acordo conjunto sobre desafios e soluções, então será uma oportunidade de unir nosso país e a chance de que uma possível coalizão pode ser maior do que a soma de suas partes”, disse.
Lindner, inicialmente cético em razão das diferenças de programas, se declarou “impressionado pela forma como ocorreram as conversações. Essa seria a primeira vez que a chamada coalizão “semáforo” governaria em nível federal e daria fim aos 16 anos de governo de Merkel, que não disputou a eleição e deixará o cargo. “Estamos agora convencidos de que por muito tempo não houve uma oportunidade como esta para modernizar a sociedade, a economia e o governo”, disse Lindner.
De saída
“Os três partidos devem entregar uma decisão na segunda-feira sobre se devem ou não prosseguir com as conversas”, disse Scholz. Ontem, Merkel disse que o novo governo pró-UE que está tomando forma em seu país representa uma mensagem importante para o restante da Europa. A chanceler alemã fez as declarações em Bruxelas depois do anúncio sobre a coalizão entre verdes, liberais e social-democratas.
Ela disse que o novo governo será pró-europeu, que sabe tudo o que a Europa significa para os alemães em termos de paz e liberdade. “É uma mensagem importante para os demais membros da União Europeia”, disse a chanceler, ao lado do premiê belga, Alexander De Croo. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.