• Após 30 anos de protagonismo, PT e PSDB passam a ser coadjuvantes em Minas Gerais

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  • 12/10/2021 08:00
    Por Carlos Eduardo Cherem, especial para o Estadão / Estadão

    Protagonistas das eleições em Minas Gerais nas últimas três décadas, PT e PSDB caminham para ser coadjuvantes nas eleições para o governo estadual em 2022. Se desde as eleições de 1994 os dois maiores partidos do Estado mantinham candidatos competitivos nas eleições para governador, desta vez as legendas não têm nomes fortes e devem apoiar um dos líderes na “nova polarização” em Minas: o governador Romeu Zema, do Novo, e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, do PSD.

    Na eleição de 2018, tucanos e petistas ainda estavam no páreo, com o terceiro lugar do ex-governador Fernando Pimentel (PT), e a disputa de segundo turno entre Zema e o então candidato do PSDB, senador Antônio Anastasia (PSD-MG), que acabou derrotado e deixou o partido.

    Mas o pleito municipal do ano passado já apontava para o declínio eleitoral de tucanos e petistas. Nas eleições de 2020 em Belo Horizonte, Kalil foi reeleito em primeiro turno com 63,36% dos votos. O candidato do PT, o ex-deputado e ex-ministro de Lula Nilmário Miranda, teve 1,88% dos votos na capital mineira, e terminou a disputa em sexto lugar. A candidata do PSDB, Luisa Barreto, secretária de Planejamento e Gestão do governo Zema, por sua vez, terminou a disputa com 1,39% dos votos – sétimo lugar.

    “Os dois partidos estão muito fracos em Minas Gerais. Se lançarem candidatos serão nomes sem nenhuma chance na competição”, diz o professor Carlos Ranulfo Melo, do Departamento de Ciência Política da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). “Em Minas Gerais, a disputa é entre Zema e Kalil. E acabou”, afirma Melo.

    Para ele, o PT ainda teria uma situação um pouco melhor porque Lula “é um bom palanque”, sua candidatura está consolidada, e atrairia votos para um candidato da legenda ao governo estadual, mesmo sem chances de êxito. Situação que não ocorre no PSDB, que ainda busca um nome que represente uma possível terceira via na disputa presidencial. “O PSDB depende da liderança do Aécio (Neves, deputado federal, PSDB-MG), que está muito desgastado e sem condições de ser uma figura de proa do partido no Estado”, diz Melo.

    Cenário nacional

    Além da condição eleitoral adversa das duas legendas, outro fator para explicar a situação atual de PT e PSDB em Minas Gerais é a igualmente polarizada disputa nas eleições presidenciais do próximo ano, entre a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro, pré-candidato à reeleição. O apoio de petistas e peessedebistas a Zema e Kalil depende dos arranjos nacionais.

    Aliado de sua gestão, o PSDB deve apoiar a reeleição do governador Zema, caso o mandatário apoie o nome do candidato do partido ao Planalto – o governador paulista João Doria e o governador gaúcho Eduardo Leite são os principais nomes nas prévias tucanas. Zema, porém, é aliado de Bolsonaro.

    O PT, por sua vez, que faz oposição ao governador do Novo, flerta com Alexandre Kalil. O objetivo do PT é montar um palanque forte em Minas Gerais para impulsionar a planejada candidatura presidencial de Lula no ano que vem.

    Embora petistas ocupem diversos cargos de primeiro e segundo escalão na Prefeitura da capital mineira, o PT e Kalil têm rusgas, sobretudo por causa da oposição ao prefeito na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Outro fator que pode anular esse apoio seria uma eventual candidatura pelo PSD do presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nome também colocado como pré-candidato a presidente em 2022.

    Procurado pelo Estadão, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, e governador do Estado por dois mandatos, foi econômico em seu comentário sobre a disputa do próximo ano: “O PSDB vai surpreender (nas eleições de 2022) em Minas Gerais”.

    O deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), presidente do diretório estadual da legenda, por sua vez, condiciona o apoio à reeleição do governador à adesão de Zema ao nome que surgir na disputa interna da legenda.

    “Minas Gerais raciocina política. Não precisamos necessariamente ser cabeça de chapa para termos protagonismo no Estado. Estamos construindo a alternativa de uma candidatura de terceira via no País, fora do embate entre Lula e Bolsonaro, abrindo coligações e trazendo Zema para o movimento”, afirma Abi-Ackel.

    A candidatura de Lula ao Palácio do Planalto em 2022 “é prioridade absoluta” do PT de Minas Gerais, afirma o presidente do diretório da legenda no Estado, o deputado estadual Cristiano Silveira (PT). “Poder ser A ou B para o governo mineiro, apoiamos qualquer nome, não tem problema, desde que seja do interesse da campanha nacional”, diz Silveira. “Em suas últimas declarações, Kalil não tem revelado disposição em apoiar a candidatura de Lula. Assim, caso o PT não tenha o apoio do prefeito, o partido pode ter candidatura própria”, afirma o deputado estadual. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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