Pedro do Rio, Posse e Areal têm trecho mais precário da União e Indústria
A Estrada União e Indústria, primeira rodovia pavimentada da América Latina, revela hoje um retrato do descaso do governo federal nos últimos anos. Crateras, fendas e até valas no meio da rua dificultam a passagem dos veículos causando prejuízos aos motoristas, principalmente no trecho entre Pedro do Rio, Posse e Areal.
No distrito da Posse, há tanto buraco que há quem prefira pagar pedágio e passar pela BR-040 do que enfrentar a estrada antiga. “Eu moro em Areal e trabalho com vendas. Raramente passo pela Posse. Só quando não tem jeito. Eu vendo mais na região de Itaipava, Corrêas, dali pra cima. Então eu prefiro passar direto e pagar o pedágio do que me arriscar a ter que comprar pneu novo. Além de ser caro o pneu, a troca ainda exige mão de obra posterior, que é o alinhamento, balanceamento, e por aí vai. Fora que a rua esburacada te gera um monte de prejuízo no carro. Não vale a pena!”, contou o representante comercial Alex Sandro de Paula. O trecho em que o vendedor se refere é considerado pelos motoristas o pior de toda a estrada. “Sem dúvidas esse é o pior pedaço da União Indústria. Fica na divisa de município, longe do Centro de Petrópolis, então é assim mesmo. Só que eles esquecem que aqui tem um bairro grande que é a Posse, cheio de localidade e com um comércio muito bom”, completou o vendedor.
Entre Posse e Areal, a situação é mais grave. Os buracos ficam em curvas fechadas, e o problema vem provocando acidentes há pelo menos dois anos. Esporadicamente alguns trabalhos de recapeamento são feitos pela Prefeitura, mas o efeito desaparece em poucos dias. Em 2015, um motociclista foi atingido em cheio por um carro que invadiu a pista contrária para fugir de um buraco. A vítima foi internada, teve um pulmão perfurado por pedaços da costela, e ficou em estado grave. Por sorte sobreviveu. Até hoje o buraco vem deixando os motoristas em alerta. “Passou da Granja Cruzeiro indo para Areal você tem que ligar o pisca alerta e rezar. Não pode correr porque se não o carro quebra. E aí se você anda devagar é atingido por uma carreta. Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come”, brincou um motorista, indignado com a situação da estrada. São pelo menos quatro curvas esburacadas num trecho de 700 metros, por onde passam centenas de carretas e milhares de carros, motos e caminhões carregados todos os dias.
Matagal esconde a sinalização que é quase nula na rodovia
Além da estrutura asfáltica deteriorada, a União Indústria também conta com pouca sinalização. Quem não conhece a estrada acaba se arriscando nas curvas fechadas com as faixas apagadas. As poucas placas de trânsito que orientam o motorista, estão escondidas em meio ao mato que invade a lateral da pista. No trecho da Jacuba, que fica entre Barra Mansa, em Pedro do Rio, e a Posse, os moradores têm que passar pelo meio da rua porque não há mais espaço no acostamento, devido à vegetação. Já na localidade do Chafariz, em Pedro do Rio, é tanto mato que a placa de boas vindas do bairro ficou escondida. “Quem passa aqui nem sabe onde está. Vai pensar que está no meio da selva”, brincou um morador que viu a equipe da Tribuna fotografando o local.
Burocracia para reformar a estrada
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Trânsito (Dnit), responsável pela administração da estrada, havia anunciado uma série de intervenções de melhorias, como o recapeamento. O compromisso foi firmado pelo diretor de infraestrutura rodoviária do órgão, Luiz Antônio Ehret Garcia, em audiência no dia 1o de fevereiro, com o prefeito Bernardo Rossi, que foi em Brasília, acompanhado do presidente da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), Maurinho Branco, do secretário de Obras, Ronaldo Medeiros e do presidente da Câmara, Paulo Igor.
Construída pela Companhia União e Indústria, de Mariano Procópio e inaugurada em junho de 2861, pelo então imperador do Brasil, Dom Pedro II, a rodovia era a principal ligação entre Petrópolis e Juiz de Fora.
Há dois anos uma licitação foi realizada para recuperar a estrada, onde uma empresa tinha até abril de 2015 para iniciar as intervenções. No entanto, a mesma, segundo a Prefeitura, na ocasião, desistiu das obras. A segunda colocada do processo estava impedida de contratar com o governo e a terceira demonstrou, à época, não ter interesse em seguir com o processo. Desde então a situação está parada e cabe, agora, ao Dnit abrir uma nova concorrência pública.
A Tribuna questionou o DNIT sobre o caso, mas até o fechamento dessa reportagem não teve retorno.