• Mesmo sob índices negativos, Bolsonaro cobra países por engajamento ambiental

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  • 21/09/2021 11:54
    Por Eduardo Gayer e Célia Froufe / Estadão

    Com “lição de casa” ainda por fazer na área ambiental, como atestam especialistas, o presidente Jair Bolsonaro cobrou nesta terça-feira, 21, durante seu discurso na 76ª Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), o engajamento dos países ricos no tema. “Por ocasião da COP-26, buscaremos consenso sobre as regras do mercado de crédito de carbono global. Esperamos que os países industrializados cumpram efetivamente seus compromissos com o financiamento de clima em volumes relevantes”, disse ele, no seu pronunciamento.

    A fala vem enquanto o próprio Brasil é constantemente pressionado pela comunidade internacional a conter o desmatamento da Amazônia e a adotar uma política realmente efetiva de preservação do meio ambiente. Como mostrou o Estadão/Broadcast Político em julho, as aplicações de multas ambientais na Amazônia Legal despencaram 93% no período do atual governo, o que evidencia o desmonte das estruturas de fiscalização.

    Ainda assim, Bolsonaro tentou defender a imagem de que o País preserva o meio ambiente. Além de falar em 84% de preservação da floresta amazônica, disse que, atualmente, 83% da energia gerada no Brasil é de fontes renováveis. “O Brasil é já um exemplo”, afirmou. “O futuro do emprego verde está no Brasil: energia renovável, agricultura sustentável, indústria de baixa emissão, saneamento básico, tratamento de resíduos e turismo”, acrescentou o presidente.

    A antecipação na meta de neutralidade do carbono de 2060 para 2050, anunciada em abril, também foi lembrada durante o discurso. “Os recursos humanos e financeiros, destinados ao fortalecimento dos órgãos ambientais, foram dobrados, com vistas a zerar o desmatamento ilegal”, completou o presidente.

    Em meio à pressão do Planalto sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) para consolidar a tese do marco temporal, o que prejudicaria a política indígena no Brasil, Bolsonaro ainda afirmou na ONU que “600.000 índios vivem em liberdade e cada vez mais desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras atividades”. Não houve, contudo, citação direta ao marco temporal, cujo julgamento está suspenso na Suprema Corte.

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