• STJ aceita denúncia e Wilson Lima vira réu por desvios na pandemia

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  • 20/09/2021 18:44
    Por Rayssa Motta / Estadão

    A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) formou maioria nesta segunda-feira, 20, para aceitar a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), na esteira da Operação Sangria.

    Com o resultado do julgamento, adiado duas vezes, ele foi colocado no banco dos réus por organização criminosa, embaraço à investigação, dispensa de licitação sem observância das formalidades legais, fraude em licitação e peculato na compra de respiradores para tratar pacientes com covid-19.

    Os ministros seguiram o entendimento do relator, Francisco Falcão, que viu elementos suficientes para a abertura de uma ação contra o governador e outras 13 pessoas, entre servidores do Estado e empresários envolvidos na contratação, além do vice-governador Carlos Almeida (PSDB).

    “Não se trata de meras conjecturas, como alega a defesa de Wilson Lima, mas de indícios da participação do denunciado no acompanhamento do procedimento licitatório que resultou na compra superfaturada, com desvio de recursos públicos”, disse o ministro. “Neste exame não aprofundado da matéria, existe justa causa para se considerar o governador do Amazonas como partícipe nos delitos”, acrescentou.

    O governador do Amazonas foi denunciado em abril como o líder de uma organização criminosa que teria desviado recursos destinados ao enfrentamento da pandemia por meio do direcionamento e superfaturamento de contratos. O Estado viveu uma fase crítica no enfrentamento do coronavírus com a crise de desabastecimento de oxigênio hospitalar em Manaus.

    O contrato sob suspeita envolveu a compra de 28 respiradores junto a uma importadora de vinhos mediante dispensa de licitação e triangulação. Uma empresa fornecedora de equipamentos hospitalares, que já havia sido contratada pelo governo, vendeu os ventiladores à adega por R$ 2,4 milhões. No mesmo dia, a importadora de vinhos revendeu os equipamentos ao Amazonas por R$ 2,9 milhões. Após receber valores milionários em sua conta, a adega repassou o montante integralmente à organização de saúde servindo, segundo o MPF, apenas como ‘laranja’ para vender os produtos com sobrepreço.

    Antes da votação, a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, que assina a denúncia, disse que os crimes supostamente cometidos são um ‘escárnio com a população’. “A presente denúncia apresenta-se apta formal e materialmente para ser recebida”, defendeu.

    Na outra ponta, advogado Nabor Bulhões, que representa Wilson Lima no caso, disse que não há provas de irregularidades envolvendo o governador e que a atuação da Procuradoria foi “ilegal e abusiva”.

    “Eu diria que poucas vezes eu vi o Ministério Público atuar tão incisivamente no que eu denominaria de uso abusivo do poder de denunciação”, disse. “Há uma enorme confusão promovida pelo MPF”, acrescentou.

    Veja a lista de pessoas atingidas pela decisão do STJ:

    Wilson Lima: governador do Amazonas;

    Carlos Almeida: vice-governador do Amazonas;

    Alcineide Figueiredo Pinheiro: gerente de patrimônio na Secretaria de Saúde do Amazonas;

    Dayana Priscila Mejia de Sousa: secretária adjunta de Atendimento Especializado do Amazonas;

    Rodrigo Tobias de Sousa Lima: Secretário de Saúde até abril de 2020;

    João Paulo Marques dos Santos: secretário executivo de Saúde;

    Perseverando da Trindade Garcia Filho: secretário adjunto do Fundo de Saúde;

    Ronald Gonçalo Caldas Santos: servidor do Estado;

    Cristiano da Silva Cordeiro: empresário;

    Fábio José Antunes Passos: empresário;

    Luciane Zuffo Vargas de Andrade: empresária;

    Luiz Carlos de Avelino Júnior: empresário;

    Gutemberg Leão Alencar: empresário;

    Márcio de Souza Lima: servidor.

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