• Si vis vincere, Ale primum vere!

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  • 18/08/2021 08:00
    Por Fernando Costa

    Fernando Costa

    Academia, palavra de etimologia grega, tornou-se nome de um bosque coberto de oliveiras, próximo de Atenas, qual seja, o Jardim de Academos. E Academos foi um dos heróis atenienses que por seus feitos mereceu a honraria de ver seu nome eternizado naquele belo jardim onde foram edificados “standium” e “ginnasium”, consagrados à Atenas deusa da sabedoria. E ali, Platão e seus discípulos reuniam-se conversando sobre questões de filosofia durante longas caminhadas, por isso conhecida como peripatética adjetivo esse que mais tarde veio a ser conhecido como a primeira escola filosófica grega, a escola de Aristóteles. Vem à luz assim, a primeira Academia fundada por Platão. Em rápida guinada ao tempo, em pleno século XV, os humanistas em Floresça, na Itália, pretendendo reviver a cultura clássica fundaram a Choros Academiae Florentinae. Mais tarde, lá pelos idos de 1540, Clement Marot chama o Collége de France de “noble academie”, passando a designar sociedade de artistas, escritores, eruditos, poetas, cientistas dedicados ao estudo nos mais diversos matizes. No Brasil a Academia floresceu a partir do século XVII, a exemplo da Europa, notadamente em Portugal. A mais conhecida em nosso País é a Academia Brasileira de Letras criada em 1897, no entanto antecedeu-na seis delas em diversos Estados, porém, algumas delas foram extintas. Seguem a tradição da Escola Francesa abrigando em seus Quadros 40 Membros Efetivos e 40 Patronos dentre os luminares das letras, artes, ciência, poesia e cultura em geral, que adotam a divisa “ad immortalitatem” dedicada a seus eleitos. Esta breve síntese é para louvar a prestigiosa diretoria recém-eleita ao biênio, presidida pelo ilustre professor e acadêmico Leandro Garcia e, agradecer aos céus pelo 99º aniversário de fundação da Academia Petropolitana de Letras nascida graças ao ideal dos apóstolos das Letras que habitam os céus, conforme o texto que ora reproduzo, extraído dos anais da APL, escrito pelo Acadêmico Joaquim Heleodoro Gomes dos santos publicado à época na imprensa local: “A 28 de junho de 1922, reunia o incansável batalhador da Imprensa, Dr. J. Roberto d’Escragnolle, na sede da sua conhecida “Agência Alex”, então localizada em uma sala da Pensão Petrópolis, os amigos e colegas do velho e conhecido jornalista Gregório de Almeida, o “Souvenir”, que falecera pouco antes; com o intuito de homenagear a memória desse velho amigo de Petrópolis. Repleta a pequena sala, fizeram-se ouvir, recordando a figura de Gregório: Arthur Barboza, Henrique Mercaldo, Hildegardo Silva, Armando Martins e Salomão Jorge; a senhorita Stella Aguiar, Raul Serrano, Reynaldo Chaves e outros, leram trabalhos em homenagem ao burilador das “Hortênsias”. Terminada a sessão e recolhendo-me à casa ainda sentindo soar-me aos ouvidos as harmonias dos versos recitados, fiquei a pensar sobre a possibilidade de se organizar em Petrópolis uma sociedade de letras onde intelectuais se reunissem de vez em quando, a fim de lerem entre si os seus trabalhos literários. Nesse estado de espírito escrevi ao Dr. d’Escragnolle”. Assim, no dia 03 de agosto de 1922, cem anos da Independência do Brasil e em pleno alvorecer da Semana da Arte Moderna, nascia a Associação de Ciências e Letras que na presidência, de Nair de Teffé Hermes da Fonseca, nos anos trinta mudou a designação para “Academia Petropolitana de Letras”. Hoje estamos a louvar Joaquim Heleodoro, Dr. d`Escragnolle e demais intelectuais que firmaram o termo de posse em memorável dia.  As  Direções de ontem e a de hoje e seus pares têm contribuído para o sucesso deste Egrégio Colégio da Cultura e sem favor algum, desfruta de acústica internacional, por seus feitos. Petrópolis pode se orgulhar de ter uma das mais antigas academias de uma cidade brasileira, vanguardista em trazer para seus Quadros e à presidência uma mulher pela vez primeira: Nair de Teffé Hermes da Fonseca. Por isso, elevemos os pensamentos ao Criador em sinceros encômios a seu idealizador e a todos os que ao longo desses noventa anos vêm contribuindo para o engrandecimento dessa obra, preservando a cultura, suas raízes e mantendo viva a tradição e o amor que nos une desde o dia que a vimos nascer transformando o sonho em realidade. “Si vis vincere, ale primum vere: se queres vencer, fortalece teu espírito.”             

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