• Bolsonaro: convidarei povo de São Paulo para falar se voto tem que ser auditado

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  • 01/08/2021 14:47
    Por Fabrício de Castro / Estadão

    Em um discurso confuso em defesa do voto impresso e novamente sem apresentar provas de fraude nas eleições, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou neste domingo, 1º, que, “se preciso for”, fará um convite para que o “povo de São Paulo” se pronuncie sobre mudanças no sistema de votação.

    “Se o povo lá disser que o voto tem que ser auditado, que a contagem tem que ser pública, e que o voto tem que ser impresso, na forma como se propõe a PEC da (deputada) Bia (Kicis), tem que ser desta maneira”, disse Bolsonaro.

    O presidente não explicou por que e como seria feita uma eventual consulta à população de São Paulo sobre o voto impresso. O Estado tem o maior colégio eleitoral do País. Bolsonaro também não citou a possibilidade de consulta a outras unidades da Federação e não explicou por que apenas São Paulo seria ouvida.

    A ideia do voto impresso está materializada na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/2019, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF). A proposta está em comissão especial da Câmara, que retomará os trabalhos na próxima semana, após o recesso parlamentar. A tendência é de que PEC seja derrotada. Nos últimos dias, Bolsonaro tem intensificado o discurso a favor do voto impresso, numa tentativa de emplacar a proposta no Congresso.

    Neste domingo, em fala por telefone a apoiadores de Brasília, durante ato a favor da proposta, Bolsonaro afirmou que não está, “em hipótese alguma, querendo impor” sua vontade. “É a vontade de vocês”, disse o presidente. “Quem fala que a eleição é auditada é mentiroso. É quem não tem amor à democracia”, acrescentou.

    Na última quinta-feira, 29, Bolsonaro havia apresentado, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, uma mistura de fake news, vídeos descontextualizados que circulam há anos na internet e análises enviesadas sobre números oficiais da apuração dos votos para atacar o atual sistema. Ao mesmo tempo, admitiu não ter provas, mas sim “indícios” de irregularidades.

    No ato deste domingo, Bolsonaro voltou a citar supostas irregularidades em eleições ocorridas em São Paulo. Ele não se aprofundou sobre a questão nem forneceu argumentos que embasassem sua desconfiança. Nas redes bolsonaristas, o pleito presidencial de 2014 em São Paulo é citado como um “exemplo” – nunca corroborado pela Justiça Eleitoral – de fraude.

    Bolsonaro e seu grupo político defendem eleições com o uso de papel, justamente como forma de garantir que não haja fraudes – embora o sistema eletrônico não tenha apresentado fraudes desde que foi lançado, na década de 1990.

    No ato deste domingo, 1º, Bolsonaro também afirmou que a maioria dos deputados federais seria favorável ao voto impresso. Conforme o presidente, a ideia já encontra respaldo, inclusive, entre a maioria da população brasileira. “Somos a maioria no Brasil, estamos do lado certo. Não vamos esperar acontecer para depois tomar providências. Juntos faremos o que for necessário para que haja contagem pública e eleições democráticas”, acrescentou Bolsonaro, sem explicar o que seria “fazer o necessário”.

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