• Comendo com o inimigo

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  • 24/04/2017 12:10

    As gorduras trans são um tipo especial de gordura que é pouco comum na natureza, mas é produzido a partir de gorduras vegetais para uso na indústria alimentícia. O consumo de gorduras trans tem sido associado a problemas de saúde, tais como aumento do risco de doença arterial coronariana.

     As gorduras trans estão presentes em pequenas quantidades em alimentos de origem animal. Quantidades maiores desta gordura estão presentes em alimentos industrializados (processados), como biscoitos, bolos confeitados e salgadinhos. Os alimentos que mais provavelmente contêm gordura trans são frituras, molhos de salada, margarinas, entre outros alimentos processados. Não há informação disponível que mostre benefícios à saúde como resultado do consumo de gordura trans. Por outro lado, o consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras trans pode causar: 1) aumento do colesterol total e do colesterol ruim (LDL); e 2) redução dos níveis de colesterol bom (HDL). Isso aumenta as chances do aparecimento de um ateroma, isto é, a placa de gordura no interior de veias e artérias, que pode causar infarto ou derrame cerebral. Está associada também à obesidade, visto que é utilizada em larga escala em quase todos os alimentos. 

    Com um maior controle sobre a alimentação humana, as autoridades em saúde determinaram que em rótulos venha determinada a quantidade de gordura trans contida por porção. Essa quantidade muitas vezes nem é notada pelo consumidor, e a principal causa é a falta de interesse e de informação. Daqui pode-se perceber que gordura trans não é o mesmo que gordura hidrogenada, porém esta contém a maior quantidade de gordura trans. A recomendação é que se consuma o mínimo possível, pois, não existindo quantidade mínima recomendada por dia, qualquer quantidade por menor que seja, é prejudicial. Incrível que biscoitos, que se destinam em grande margem ao consumo infantil, têm como ingrediente a gordura vegetal hidrogenada.

     Leis com a finalidade de banir gorduras trans em alimentos foram aprovadas em diversos lugares do mundo. A Dinamarca foi o primeiro país a banir óleos parcialmente hidrogenados em 2003. A Suíça aprovou leis contra gorduras trans em 2008 e diversas cidades dos EUA aprovaram legislação semelhante. No Brasil, o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) estabeleceram em 2008 metas para reduzir o percentual de gorduras trans nos alimentos.

     Nos EUA, decidiu-se em 2015 que a indústria alimentar terá de banir este ingrediente até 2018. A gordura hidrogenada também é usada por redes de “fast-food” e restaurantes, para frituras. Produtos como margarinas, sorvetes cremosos, biscoitos, bolos, tortas, pães, salgadinhos, pipoca de micro-ondas, bombons, e tudo mais que contenha gordura hidrogenada, são fontes de gordura trans. No Brasil, a partir do segundo semestre de 2006, as empresas foram obrigadas a declarar a quantidade de gordura trans no rótulo, de acordo com a resolução da Anvisa (RDC 360/2003). Poucos produtos já foram reformulados a fim de eliminar essa gordura de sua composição. É comum você ver estampada a alegação "Não contém…", "Livre de…", "Zero % de…", "Isento de…" ou similar. Uma maneira segura de comprovar a adição de gordura trans é a leitura da lista de ingredientes do alimento. Se contiver gordura vegetal hidrogenada, ou gordura vegetal, certamente contém gordura trans. Alguns fabricantes estão substituindo a gordura hidrogenada pela gordura interesterificada. Estudos preliminares mostram que esta pode ser mais danosa à saúde do que a gordura hidrogenada. Portanto, amigo leitor, em seu beneficio e de todos os seus, leia os rótulos onde são listados os ingredientes dos produtos que esteja comprando, pois, já dizia Hipócrates, na antiguidade: “O alimento é o remédio, o remédio é o alimento.” 

    achugueney@gmail.com

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