Série refaz trajetória da palhaça Maria Eliza, por meio das memórias de sua filha
Cada família, uma história que revela fatos importantes para cada um de seus integrantes. Viajar por esses caminhos e recuperar cada peça desse quebra-cabeça é uma forma de rever atitudes, refazer laços e colar alguns cacos que possam ter surgido nos caminhos percorridos. Muitas vezes, ao começar a puxar uma linha do novelo, uma trama maior se visualiza e daí vem a vontade de colocar tudo isso para que o mundo também tenha conhecimento. Pois é o que Mariana Gabriel faz há algum tempo, ao pesquisar a origem de sua família circense, que por muito anos foi dona do Circo Theatro Guarany. E seu mais recente projeto é a série documental Guarany, Histórias do Circo dos Pretos, que é composta de quatro episódios.
Na estreia, programada para esta sexta, 16, às 18h, haverá a exibição de uma versão reunindo todos os episódios (A Filha do Palhaço, A Vida na Cidade, Nosso Circo É um Filme e As Pazes com Xamego), e, em outros dias, o público poderá conferir cada um deles separadamente, no Facebook do Centro de Memória do Circo.
O filme se estrutura na conversa da filha diretora com sua mãe, Daise Gabriel, em um cenário que lembra um picadeiro. E daí vem um diálogo do presente com o passado, em uma reconstituição, através de memórias, de uma história familiar, que é também parte da cultura circense nacional. Através desses relatos, vem à tona a história desse circo, que foi comandado por um homem preto, no início do século 20, meu avô João Alves. “Minha avó, Maria Eliza Alves, foi uma pioneira da palhaçaria feminina no Brasil, que interpretava o palhaço Xamego”, conta.
“O filme dialoga com minha mãe criança”, conta Mariana. “E ali, nesse cenário montado, minha mãe vai me contando essas histórias e lembranças dela dos tempos do circo”, diz a diretora. Em meio a esses bate-papos, imagens de arquivos da cidade de São Paulo vão sendo mostradas, como também há depoimentos de pessoas de vários bairros por onde o circo passou, que contribuem com suas lembranças dessa época. “Junto com isso, a gente reconstrói algumas lembranças”, diz Mariana, sobre a inclusão de momentos encenados, que contam com a pequena Serena Odara.
Mais que um mergulho na história desse circo, a série mostra uma filha se reconectando com seu passado. Quando criança, dona Daise não gostava do palhaço Xamego, “ela dizia que ‘ele’ tirava a minha avó dela”. Mas agora ela conseguiu fazer as pazes com ele.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.