• Salles: para que união de interesses seja mais serena, apresentei exoneração

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  • 23/06/2021 17:52
    Por Pedro Caramuru / Estadão

    O agora ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles afirmou nesta quarta-feira, 23, que pediu demissão do cargo nesta tarde (23) para que, de forma “mais serena possível”, o País alcance “uma união muito forte de interesses, de anseios e esforços”. Salles foi demitido hoje do cargo, segundo publicação do Diário Oficial da União (DOU), e será substituído pelo secretário da pasta para Amazônia e Serviços Ambientais, Joaquim Álvaro Pereira Leite.

    A demissão de Salles acontece em meio às investigações sobre a suposta participação do ex-ministro em esquemas para a exportação de madeira ilegal, bem como pressão de organismos internacionais para que o País reveja a política de combate ao desmatamento. A gestão de Salles à frente da pasta foi marcada pelo desmonte de órgão de fiscalização ambiental e sucessivos recordes no avanço do desmatamento.

    Na última semana, negociações bilaterais sobre questões ambientais entre Brasil e Estados Unidos foram suspensas, o que acendeu o “sinal amarelo” entre autoridades e parlamentares para os riscos de sanções econômicas. Para a presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-TO), o congelamento das conversas tem relação com as investigações contra o ex-ministro e com a paralisia no combate ao desmatamento.

    Durante cerimônia nesta terça (22) de lançamento Plano Safra 2021/2022, o presidente Jair Bolsonaro fez diversos elogios à conduta do seu ex-ajudante. Segundo o presidente, o casamento da Agricultura com o Meio Ambiente foi “quase perfeito”. “Parabéns Ricardo Salles. Não é fácil ocupar o seu ministério. Por vezes, a herança fica apenas uma penca de processos. A gente lamenta como por vezes somos tratados por alguns poucos deste outro Poder Judiciário”, completou na ocasião.

    CPI da Covid

    A demissão do ministro acontece também no dia em que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado apertou o cerco ao Executivo e ao valor pago na compra de vacinas da Covaxin. Segundo mostrou o Estadão/Broadcast, o governo federal pagou dez vezes mais pelos imunizantes que o valor que havia sido anunciado seis meses antes.

    Ao Broadcast Político, o deputado Luiz Miranda (DEM-DF) disse que alertou assessores do Executivo sobre um “esquema de corrupção pesado” na aquisição de vacinas. “Pelo amor de Deus… isso é muito sério!”, escreveu em 22 de março a assessores do presidente. Miranda deve depor à CPI na sexta-feira (25) segundo requerimento apresentado e votado nesta manhã.

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