• Ronaldo Fraga abre edição online da SPFW com coleção inspirada na cultura popular

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 22/06/2021 09:00
    Por Eliana Silva de Souza / Estadão

    Começa na quarta, 23, mais uma edição da São Paulo Fashion Week, com o título Festival SPFW + Regeneração e, novamente, será em formato online e poderá ser acompanhado pelo site do evento (spfw. com.br). Com curadoria de Marcello Dantas, o evento de moda, que segue até domingo, 27, conta com a participação do projeto Sankofa, o coletivo criado pela plataforma Pretos na Moda que reúne estilistas negros dos ateliês Mão de Mãe, Az Marias, Meninos Rei, Mile Lab, Naya Violeta, Santa Resistência, Silverio e Ta Studios. Além de novos nomes, designers veteranos também estarão na edição, como Gloria Coelho, Isabela Capeto, João Pimenta e Ronaldo Fraga, que conversou com o Estadão, por telefone, de seu apartamento em Belo Horizonte.

    Imunizado com a primeira dose de vacina contra a covid, o mineiro Ronaldo Fraga, 53 anos, conta que ficou mais de um ano no isolamento social e que saiu dele, com toda a segurança necessária, para criar sua nova coleção, a ser apresentada, em formato de curta-metragem, na abertura da SPFW. Amante da cultura em seus mais variados níveis, Fraga foi novamente vasculhar lugares distantes e tirar dali a inspiração para seu trabalho. Para isso, percorreu o Cariri cearense e se encantou por histórias do povo e tudo o que ele produz.

    “Eu digo que essa é a melhor parte de fazer uma coleção, porque é a oportunidade que se tem de mergulhar em um universo que não é o seu, e a chance de sair uma pessoa um pouquinho mais interessante”, afirma o estilista. E, como é de seu feitio, ele não se limita a colocar apenas a beleza em cena – seu olhar vai além. Um dos expoentes da moda, Fraga carrega em suas criações sua visão de cultura, mas sempre com uma carga política. “Todas minhas coleções são políticas, porque o ato da escolha da roupa definitivamente é um ato político”, acredita.

    Essa não é primeira vez que Fraga utiliza as influências nordestinas em suas criações, o que reforça sua convicção sobre dar um olhar mais atento a essa cultura e suas manifestações. “Eu já tinha feito uma, a Carne seca, em que coloquei na mesma mesa para almoçar o alagoano Graciliano Ramos, o pernambucano João Cabral de Melo Neto e o mestre do couro Espedito Seleiro, de Nova Olinda”, se recorda o estilista, que utiliza agora a experiência de trabalhos anteriores.

    “Essa coleção, que chamo de Terra de Gigantes, parte de um olhar reverente aos mestres do Cariri cearense”, conta Fraga que, para realizar seu trabalho, contou com um projeto capitaneado pelo Sesc do Ceará em parceria com o setor de moda do Senac. “Eu tive alunos me acompanhando no processo de montagem da coleção”, explica. Com a distância e a pandemia para complicar um pouco, foi necessária a realização de encontros virtuais, que ocorreram semanalmente por dois meses.

    “Quando cheguei lá, eu já era íntimo de todos”, se diverte o estilista. E esse contato com os jovens reforçou no estilista a crença da importância dessa troca de experiências. “No final, me agradeceram dizendo que tiveram a oportunidade de enxergar coisas da própria cultura que eles não viam.”

    Influenciado por nomes emblemáticos da nossa cultura, Ronaldo Fraga conta que tem Mário de Andrade como mentor intelectual. Vem do escritor essa vontade de sair de sua zona de conforto e partir para descobertas pelo Brasil. “Mário passou dois anos de sua vida viajando pelo Norte e Nordeste do País, o que originou o livro Turista Aprendiz”, comenta Fraga, que afirma se vestir desse “turista aprendiz nesses lugares” a que chega. Para o estilista, ao se inspirar no escritor, acabou se aproximando de destacados artistas locais. “Eu digo que o grande amálgama da cultura brasileira é o Nordeste. E um dos epicentros disso é toda essa região do Cariri, que vai ali da Paraíba, um pedacinho de Pernambuco até o Ceará.”

    Fraga destaca a importância de lançar luz aos mestres locais, “verdadeiros mitos da cultura brasileira”, como é o caso de Espedito Seleiro, com seu trabalho em couro, Françuli e seus aviões de metal, ou ainda a mestra Zulena e suas rezas. Mais que isso, ele procura valorizar esses trabalhos, colocando em suas criações o que recebeu de influência deles.

    Um “otimista de pirraça”, como diz de si próprio, Fraga revela que seu Terra de Gigantes traz esse “olhar de Brasil esquecido e que precisa ser resgatado, porque nossas heranças e raízes estão exatamente nesse chamado Brasil profundo”, afirma. “Nesse trabalho”, especifica o criador, “vou levar as pessoas para dentro desse universo, onde surgem todas essas influências, entre recortes, rendas, couro, uma imensidão de cores.”

    PROGRAMAÇÃO

    l Quarta – 23

    18h30 – Ronaldo Fraga

    19h30 – Aluf

    19h45 – Sankofa: Ateliê Mão

    de Mãe

    19h50 – Sankofa: Meninos Rei

    20h15 – Anacê

    20h40 – Samuel Cirnansk

    21h10 – Àlg

    21h40 – Lilly Sarti

    l Quinta – 24

    19h – Igor Dadona

    19h30 – Ronaldo Silvestre

    19h45 – Sankofa: Az Marias

    19h50 – Sankofa: naya Violeta

    20h15 – Isabela Capeto

    20h40 – Martins

    21h10 – Modem

    21h40 – Triya

    21h55 – Another Place

    l Sexta – 25

    19h – Gloria Coelho

    19h30 – Esfér

    19h45 – Sankofa: Santa

    Resistência

    19h50 – Sankofa: Mile Lab

    20h15 – Juliana Jabour

    20h40 – A. Niemeyer

    21h10 – Apartamento 03

    21h40 – João Pimenta

    21h55 – Neith Nyer

    l Sábado – 26

    19h – Rocio Canvas

    19h30 – Led

    19h45 – Sankofa: Ta Studios

    19h50 – Sankofa: Silvério

    20h15 – Freiheit

    20h40 – Neriage

    21h10 – Misci

    21h40 – Carol Bassi

    21h55 – Isaac Silva

    l Domingo – 27

    19h – Wilson Ranieri

    19h30 – Soul Básico

    19h45 – Victor da Justa

    20h15 – Ponto Firme

    20h40 – Renata Buzzo

    21h10 – Weider Silveiro

    21h40 – Walério Araujo

    21h55 – Flavia Aranha

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

    Últimas