CPI enquadra ‘lives’ de Bolsonaro; Renan não questiona médicos pró-cloroquina
A CPI da Covid resolveu convocar representantes do Facebook e do YouTube para enquadrar o presidente Jair Bolsonaro. Senadores criticam as falas do chefe do Planalto durante transmissão nas redes sociais contrariando evidências científicas para o combate ao novo coronavírus. A aposta na chamada imunidade de rebanho, alinhada à demora na compra de vacinas, é uma das linhas de investigação da CPI.
Em “live” transmitida na quinta-feira, 17, Bolsonaro afirmou que “todos que contraíram o vírus estão vacinados” e que a contaminação é mais eficaz do que a própria vacinação porque “pegou o vírus para valer”. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), anunciou que vai pautar os requerimentos apresentados por Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para aprovar as convocações das duas plataformas na semana que vem. Randolfe classificou as declarações de Bolsonaro como “irresponsáveis”.
Nesta sexta-feira, 18, dois médicos foram convidados pela base do presidente Jair Bolsonaro para falar na CPI a favor do chamado tratamento precoce e da prescrição de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), criticou a postura de Bolsonaro e anunciou que não faria perguntas aos convidados da sessão. Outros parlamentares de oposição e independentes se retiraram da reunião com o relator após as falas iniciais.
“Essa irresponsabilidade não pode continuar. Isso é a reiteração do crime”, disse Renan Calheiros. “O presidente da República continua a fazer o que sempre fez dessa forma irresponsável, utilizando indevidamente as plataformas, as mídias sociais, para induzir os brasileiros ao erro e à morte com mentiras, com falsidades”, afirmou. O relator classificou a fala como “escárnio e descaso” e se retirou da sala de reunião da CPI. “Chega. Nós precisamos dar um basta nisso.”
A decisão do relator foi criticada por governistas. O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) discutiu com Renan lamentando a postura. “Eu não tenho que perguntar”, disse o relator. “Não tem o que não lhe interessa”, rebateu o parlamentar do PP. Marcos Rogério (DEM-RO) pediu que um relator substituto fosse designado, mas Omar Aziz negou o pedido alegando que os dois médicos presentes não eram testemunhas nem investigados, mas apenas convidados e que o relator não era obrigado a fazer questionamentos.