Ser chique é pecado?
Existem pessoas preocupadas em ser chiques. Conheço algumas. A elegância se sobrepõe ao traje por mais exuberante seja e a elegância trazida à baila não é só o saber se vestir. Parafraseando Glorinha, “elegância não se impõe”. A pessoa nasce com ela. É um dom. Não se compra. Não adianta um closet com as mais belas grifes, nem automóvel importado, nem uísque vinte anos ou traje, muito menos falar alto só para chamar a atenção. O chique mesmo é a postura ante a vida. Bonito é admirar a pessoa que não se utiliza de perguntas inoportunas, que não faz insinuações e não é bisbilhoteira.
Chique é a consciência de que uma amizade não se impõe, nem se compra, se conquista. Não é chique manter o celular ligado na Igreja e nem aquela que se excede na bebida. Chique é dizer, boa noite e muito obrigado na portaria, no ônibus, na rua, no mercado ou no elevador. Chique é contribuirmos com o Dízimo em nossas Paróquias e a certeza de que a vida é um presente celestial e que dela somos apenas usufrutuários. Não é nem um pouco elegante a pessoa atirar do interior de seu carro latas de refrigerantes e restos de sanduíches em plena rua. Palitar os dentes é tão elementar que nem precisaria lembrar.
Entrar num templo ou em instituições com roupas sumárias é deplorável. Chique é saber ouvir e olhar nos olhos do interlocutor, é não ficar em cima do muro ante a vida, é cumprir a palavra, é não cometer o pecado da ingratidão e da inveja. Chique é deixar que as rugas e os cabelos brancos contassem nossa história. Chique é abominar a intolerância, a deslealdade, a fraude, a grosseria, a mentira e a falsidade. Chique mesmo é a fé em Nossa Senhora, é a Recitação diária do Terço, é irmos à Igreja, não importa a confissão religiosa que professemos. Chique são a leitura e a meditação das Sagradas Escrituras. Chique é dizer não ao incorreto; é investirmos nos conhecimentos, é aprendermos com as experiências, nos dão maturidade e erudição.
Chique é preservarmos a vida sem nos esquecermos de que infinito é o Senhor e que um dia haveremos de prestar contas. Chique é o discernimento de que nosso corpo é o Sacrário do Espírito Santo Paráclito, por isso, precisa ser bem cuidado fazendo exercícios e caminhadas, além das visitas de rotina aos médicos porque eles têm a dádiva natural e a sabedoria adquiridas nas graduações e pós-graduações e objetivam nossa saúde, nós o de preservá-la e o Criador é a palavra final e absoluta. Seguindo esse fio condutor é chique crer que o milagre existe porque o Altíssimo tudo pode, ainda mais sob intercessão da Doce Mãe, dos Anjos e dos demais eleitos do Canon Celeste.
Chique é a percepção do dever cumprido, é a unidade familiar, é amar o Criador e o próximo, é a convicção de que a morte existe para todos sem exceção. Concluindo, se eu já admirava Glorinha Kalil, passei a amá-la quando disse que “chique” mesmo é crer em Deus.