• Blindspotting mostra como família e amigos precisam lidar com seu amado na prisão

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  • 13/06/2021 08:00
    Por Mariane Morisawa, especial para AE / Estadão

    No longa Ponto Cego (2018), Daveed Diggs e seu amigo Rafael Casal condenavam a gentrificação da cidade de Oakland, na Baía de São Francisco, e o sistema prisional industrial, que destrói vidas e famílias e trata desproporcionalmente quem é negro, latino e pobre. Os roteiristas e atores voltam como criadores da série Blindspotting, que estreia neste domingo, 13, na Starzplay, com episódios semanais.

    Não é preciso ter visto o filme para acompanhar o spin-off. O foco não está mais em Collin (Diggs) e seu melhor amigo, o encrenqueiro Miles (Casal). A protagonista aqui é Ashley (Jasmine Cephas Jones), a companheira de Miles e mãe de Sean (Atticus Woodward). “Ashley morava em nosso coração, mas não aparecia muito no filme”, disse Casal em entrevista ao Estadão. “Nós sabíamos do talento da Jasmine e o que ela poderia fazer com a personagem, que nos fazia lembrar de tantas mulheres que conhecemos da região da Baía, que são tão essenciais para sermos quem somos.”

    Blindspotting também fala sobre a injustiça do sistema. “Normalmente vemos o lado das pessoas que estão encarceradas. Mas na série temos a chance de mostrar o que acontece com a família, os amigos, principalmente as mulheres e mães que precisam lidar com seu amado na prisão”, disse ao Estadão Jasmine Cephas Jones. “Acho importante mostrar como as mulheres enfrentam isso e mantêm a família unida.”

    Ashley acaba tendo de morar com Sean na casa da sogra, Rainey (Helen Hunt), e da cunhada Trish (Jaylen Barron), que é uma trabalhadora do sexo. Quem lhe dá apoio é a irmã de Collin, Janelle (Candace Nicholas-Lippman), que mora na casa ao lado e tem como inquilino Earl (Benjamin Turner), um detento monitorado por tornozeleira. Diggs frisa que se trata de uma sitcom. “São basicamente duas casas, há os vizinhos engraçados. Todo mundo gostaria de estar vivendo suas vidas, mas não é possível porque… América”, disse.

    A série não teme mostrar a raiva destas mulheres, algo ainda incomum na TV e no cinema. “Ashley é responsável, sempre mostra sua melhor face para o filho, mas por trás de portas fechadas, pode pegar uma raquete de tênis e destruir um quarto de hotel porque está triste e com raiva”, disse Cephas Jones. “É um sopro de ar fresco ver isso na televisão. Acredito que muitas mulheres vão se identificar e pensar que tudo bem se sentir assim. Porque, normalmente quando as mulheres expressam seus sentimentos, são consideradas emotivas e fracas. E aqui a Ashley fica mais forte.”

    Muitas dessas expressões de raiva vêm na forma de verso, que já era usado no filme, mas aqui ganha outra dimensão, com Ashley quebrando a quarta parede. Blindspotting também tem um coro grego de dançarinos, entre eles os coreógrafos Jon Boogz e Lil Buck, que entram em momentos de dor e alegria. A série tem uma linguagem de realidade intensificada. “Nós fomos convidados a fazer o spin-off. E só fazia sentido para mim se fosse para experimentar coisas novas”, disse Diggs. “Como na TV retornamos àquele mundo semana a semana, é possível ser bem estranho.” Dá para acusar os criadores de tudo, menos de falta de ousadia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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