• Nise admite reuniões com governo sobre cloroquina mas nega ‘gabinete paralelo’

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  • 01/06/2021 18:11
    Por Amanda Pupo, Matheus de Souza e Pedro Caramuru / Estadão

    Após mais de sete horas de depoimento, a CPI da Covid encerrou a oitiva da médica e defensora do tratamento precoce Nise Yamaguchi. Em interrogatório conturbado, Nise negou que faça parte de um “gabinete paralelo” ao Ministério da Saúde e de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro. Mas relatou várias reuniões com integrantes do governo e com Bolsonaro para discutir o uso da cloroquina e outros medicamentos sem eficácia comprovada para a covid-19.

    Nise apresentou outra versão sobre a reunião no Palácio do Planalto na qual se discutiu as indicações para o uso da cloroquina, no ano passado. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, afirmaram à CPI que no encontro foi debatido um decreto de alteração da bula do remédio, para que o documento indicasse a cloroquina para pacientes com covid-19. Nise, por sua vez, alegou que a proposta não tratava de tal modificação.

    A médica relatou que conversou com integrantes da reunião sobre uma Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Anvisa que trata dos medicamentos para covid-19. O documento define os critérios e os procedimentos extraordinários e temporários para tratamento de petições de registro de medicamentos, produtos biológicos e produtos para diagnóstico in vitro e mudança pós-registro de medicamentos e produtos biológicos em virtude da emergência de saúde pública internacional decorrente do novo coronavírus.

    Nise também falou à CPI que partiu do presidente a discussão sobre o uso do tratamento precoce como estratégia para combater a covid-19. A médica disse que já conhecia previamente o debate, mas que durante uma reunião que contou com a presença do presidente, ela recebeu dele a informação de um tratamento contra covid-19 com o uso de cloroquina em discussão na França.

    Nise, apontada por membros da comissão como integrante do “gabinete paralelo” de aconselhamento do governo federal na pandemia, também repetiu a fórmula usada por aliados do presidente e se esquivou de opinar sobre a conduta de Bolsonaro frente a vacinas. “Não estou aqui para deixar de apoiar ou apoiar conduta de nenhuma pessoa, isso é do foro individual”, disse.

    Além de ter se reunido com funcionários do governo federal para discutir o tratamento precoce, Nise relatou à CPI encontros em que estavam presentes o empresário Carlos Wizard e o ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub. Os dois também são considerados pela cúpula da comissão como responsáveis por alimentar uma rede de aconselhamento paralelo ao presidente em ações de combate à pandemia.

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