• Serra Velha da Estrela: a dura rotina de quem depende diariamente da estrada

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 27/05/2021 12:31
    Por Janaina do Carmo

    Quem depende diariamente da Estrada Serra Velha da Estrela (RJ-107) vive uma dura rotina de interdições da via, ônibus quebrados, buracos e postes sem manutenção. Trafegar pela estrada é uma tarefa que requer paciência e sorte. Em apenas uma semana, a via ficou fechada duas vezes. A primeira aconteceu no dia 19, após a queda de um poste, interditando a estrada por quase sete horas. E na quarta-feira (26), foram duas horas de trânsito impedido após um ônibus da Viação Trel quebrar em uma curva.

    “Estamos esperando a promessa do DER de enviar uma nova empresa para continuar a revitalização da via, que é de paralelepípedos, e não pode ser asfaltada por ser patrimônio histórico. Com isso é gerado vários problemas para quem mora e utiliza a estrada. As duas empresas de ônibus (Petro Ita e Trel) que fazem o percurso, sempre estão com avarias nos veículos devido ao péssimo estado da estrada, assim atrapalhando quem depende do transporte”, disse a moradora e líder comunitária, Daniela Souza, de 37 anos.

    Ela mora na região há cinco anos e conta que os problemas na estrada só vem aumentando. “Além da má conservação da estrada sofremos com a falta de capina e com alguns postes que estão em péssimo estado. Eles só tem manutenção quando o pior acontece, como as quedas que obstruem as passagens deixando a todos sem poder se locomover”, comentou a moradora. Ela conta ainda que devido as constantes interdições da estrada já perdeu sessões de fisioterapia do neto que é especial. Além disso, tem que trocar anualmente a suspensão do carro devido aos buracos.

    Só este ano, de janeiro a maio, as duas linhas da empresa de ônibus Petro Ita, que atendem a região do Meio da Serra, perderam 645 partidas, o que equivale a 3,3% do total das quase 20 mil saídas previstas nesse período. De acordo com a empresa, as principais causas das perdas de partidas são provocadas por obstruções de veículos, árvores e postes; além da falta de qualidade viária em toda a extensão da pista, que contribui para a quebra de veículos na região.

    A Estrada Serra Velha é centenária e era usada pela Família Imperial durante as temporadas que passavam em Petrópolis. Com a construção da rodovia BR-040, a estrada deixou de ser a principal rota de ligação entre a cidade e a Baixada Fluminense. No entanto, nos últimos anos, a falta de manutenção e um fluxo constante de carros fugindo da BR, tornou a Serra Velha quase que intransitável.

    “O DER estava fazendo algumas manutenções, tapando alguns buracos e consertando os paralelepípedos. Mas esse trabalho paralisou no fim de abril e até hoje nunca mais voltaram. Sumiram”, disse a moradora. A estrada é de responsabilidade do governo do Estado, que vem há anos empurrando com a barriga a realização de uma licitação para a revitalização da via – cerca de 12 quilômetros.

    Em março deste ano, após anos de espera, o Departamento de Estradas de Rodagens (DER) anunciou a assinatura do contrato com a empresa que fará o Projeto Básico de Engenharia Rodoviária para a restauração e recuperação do pavimento, a drenagem e OAC’s, a sinalização horizontal e vertical, além da preservação do Patrimônio Histórico e Cultural na estrada. De acordo com o DER, o trecho contemplado será de 11,5 quilômetros, entre a fábrica de pólvora do Ministério do Exército e o conjunto residencial Grão Pará, no Alto da Serra.

    Depois de elaborado, o projeto passará pelo aval dos órgãos ambientais, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). Em nota, o DER informou que o projeto deverá ficar pronto em agosto e após aprovado será realizada a licitação para a contratação da empresa que fará a execução do projeto. Ainda não há previsão de quando, efetivamente, a estrada passará por reformas.

    Últimas