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  • 26/05/2021 08:00
    Por Joaquim Eloy

    A vida tem seu ciclo obedecido por toda a natureza. Tudo possui começo, meio e fim. Nada dela resta, senão, como rezam filósofos: o que da vida se leva é a vida que se levou. Ponto final. É. Ponto final que pode ocorrer de imediato, como segue adiante por outras gerações, que sustentam as lembranças que vão se diluindo e caem no esquecimento.

    Estamos nas garras da pandemia do covid-19. Que anda antecipando bilhetes de passagens ainda por serem carimbados com os horários convencionados na programação do imponderável.

    Isto tudo por caprichos celestes, preocupados por muitos rumos que a humanidade tem seguido, alguns de corar santos de infinitas bondades. Os sorteios aleatórios surpreendem pelo desencontrado critério da sorte, levando pessoas que ainda poderiam continuar ajudando semelhantes a caminhos melhores e mais seguros.

    E retorna à minha memória a trova que escrevi e publiquei no meu recente livro “Pingos”:

    – Vida, responda –  o que és,

    O teu destino, o ter norte!

    –  Nada sou, apenas pés

    A caminhar para a morte!

    Este o trilhar mais simples de explicação da morte, e, também, de todo o ponto final.

    A covid-19 está solta e desenvolta por ai e, por ela, vimos perdendo parentes, amigos, conhecidos e pessoas pelas quais nutrimos admiração e simpatia.

    Homenageio a querida bibliotecária Maria Luiza, herdeira do posto de Yedda Maria Lobo, igualmente minha saudosa e querida amiga. Admiráveis mulheres, profissionais competentes, criaturas humanas insubstituíveis, as duas bibliotecárias manuseiam e cuidam, agora, dos projetos de leitura no Infinito. Com aquele carinho santo para com os usuários, competência, humanidade, prontas a auxiliar, servir, Yedda e Maria Luiza deixam no espaço imenso da biblioteca municipal o halo de empatia que continuará acolhendo a quantos necessitam das luzes da educação e cultura. Beijos de muita saudade para vocês, que tanto auxiliaram em meus estudos de nossa história petropolitana e na seleção de admiráveis leituras.

    A segunda perda minha, nesse maio triste, atingiu meu primo, o professor Milton Eiras Duarte, um dos mais importantes professores de matemática de nosso ensino superior, lecionando por algumas décadas nos cursos da Faculdade de Engenharia. Respeitadíssimo, rigoroso, temido até por exercer o magistério com competência e louvada autoridade, formou alunos que hoje ocupam lugares de honra e prestígio. Quem com ele conviveu mais de perto atesta a sua alegria por viver, ser útil, contribuir, sob excelente humor e rara empatia, atributos de nossa família de personagens talentosos. competentes em seus misteres, prontos a servir dignamente em favor da concórdia e do amor.

    Para não fugir da trilha literária de muitos de nossos familiares, escreveu e ilustrou um livro de crônicas, ao estilo do deixa correr a pena, saborosa leitura de marcantes análises da vida como ela é. Irreverente, observador, percuciente analista da alma humana, suas crônicas demonstram sua capacidade de escritor de aproximação sociológica. Deixa ali sua marca de mestre em útil  legado para a vida que continua em outros corações.

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