Apesar das dificuldades com a pandemia, Paulistão termina com balanço positivo
Pelo segundo ano consecutivo, o Campeonato Paulista sofreu os efeitos da pandemia do novo coronavírus. A interrupção de 26 dias, imposta pela fase mais restritiva do Plano São Paulo de combate à doença, espremeu o calendário. Isso criou um torneio atípico com partidas em outros Estados e jogos do mesmo clube a cada 48 horas. Para suportar a maratona, os grandes times dividiram os elencos de acordo com as competições que disputavam. A maioria recorreu às categorias de base.
Apesar das dificuldades, a Federação Paulista de Futebol (FPF) faz um balanço positivo. “Estamos terminando o Paulistão novamente com recordes de audiência, na data programada e, pela primeira vez, com VAR em 100% dos jogos. Para 2022, nos reuniremos com clubes, comissões técnicas, atletas, árbitros e parceiros comerciais para debater melhorias”, afirmou o presidente Reinaldo Carneiro Bastos.
Alguns presidentes de clube enxergam a necessidade de modificações, principalmente no regulamento. “O Paulistão demonstrou ser uma das maiores competições nacionais, forte, competitivo e com grande valor de mercado. Há, porém, espaço para que sejam revisitados os regulamentos da competição, de maneira a provocar um crescimento ainda maior do Paulista e torná-lo mais competitivo e atraente”, opinou Sebastião Arcanjo, presidente da Ponte Preta.
O Paulistão foi interrompido quando o governo suspendeu as atividades esportivas coletivas no Estado de 15 a 30 de março, vigência da fase emergencial do Plano SP para conter a disseminação do vírus. A FPF recorreu ao Ministério Público para tentar a liberação das partidas. O órgão disse “não”. Para cumprir o cronograma, a saída foi levar os jogos para outros Estados. Para jogar em Volta Redonda (RJ), a FPF se comprometeu a doar equipamentos para dez leitos de UTI para a prefeitura. A contrapartida foi a realização dos jogos de Corinthians e Palmeiras, no Estádio Raulino de Oliveira.
Os clubes tiveram de se adaptar às regras. Durante o lockdown em Ribeirão Preto, por exemplo, o Botafogo adotou treinos por videochamada, com todos os atletas em suas respectivas residências. A previsão de retomada no dia 31 de março aconteceu só em 10 de abril.
O protocolo de retorno, adotado no início de abril, foi rigoroso. A principal mudança foi a adoção do formato de bolhas. Árbitros e times ficaram fechados nos hotéis e centros de treinamento sem contato com outras pessoas. De lá, as equipes só podiam sair para jogos ou para treinos. Todos foram testados com PCR a cada três dias.
“O clube procurou se adaptar ao “novo normal” da forma mais segura possível. Os jogadores são as peças que entram em campo, mas temos de cuidar do quadro de funcionários. Os roupeiros, por exemplo, acabam tendo um contato estreito com os jogadores, todas as áreas demandam atenção máxima para evitar risco sanitário”, afirma Adalberto Baptista, presidente do Conselho Administrativo do Botafogo/SA.
As partidas deveriam começar depois das 20h, horário de início do toque de recolher vigente no Estado. O objetivo era evitar aglomerações de torcedores – a presença no estádio continuou proibida. Não houve exceções. No dia 2 de maio, a Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão do torneio, tentou antecipar o clássico entre São Paulo e Corinthians, na fase de classificação, às 16h. Não conseguiu. O jogo começou às 22h15 na Neo Química Arena.
Na manhã do dia do jogo, os elencos eram submetidos a testes de antígeno, o mais rápido para detecção da covid-19. Quem testasse negativo, poderia jogar. Em caso de exames positivos, o atleta era isolado. O mesmo valia para a arbitragem.
A retomada do torneio obrigou clubes e a FPF a adaptarem seus calendários a fim de cumprir a data prevista para o término da competição: 23 de maio. As equipes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro foram priorizadas no agendamento dos duelos, principalmente porque Palmeiras, São Paulo, Santos, Corinthians e Red Bull Bragantino disputaram torneios da Conmebol (Libertadores e Copa Sul-Americana). Com isso, a sequência de rodadas foi praticamente ignorada.
A maratona foi inevitável. Até a final de ontem, o Palmeiras completou uma maratona de 15 jogos em 33 dias. No último recorte, foram seis partidas em 13 dias. O São Paulo também sofreu. Na última sequência de jogos, foram sete atuações em 14 dias, média de um jogo a cada 48 horas – a saída que os finalistas do torneio encontraram foi usar times reservas ou mistos na maior parte do torneio. Com isso, os torcedores tiveram de se adaptar a ver os titulares nos torneios sul-americanos e os reservas na competição estadual.