• Instituto Butantan pode entregar 3 milhões de doses de vacina na próxima semana; matéria-prima, no entanto, pode faltar nas próximas semanas

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  • 06/05/2021 12:13
    Por Matheus de Souza e Sofia Aguiar / Estadão

    O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, anunciou que o instituto irá entregar ao Ministério da Saúde, na próxima semana, mais três milhões de vacinas da Coronavac, sendo um lote de dois milhões de doses na segunda-feira (10) e um milhão de doses na quarta-feira (12).

    Segundo Covas, até dia 14, também devem ser enviadas mais cinco milhões de doses do imunizante referentes ao IFA de três mil litros entregues pela Sinovac. Ainda, daqui 15 dias, devem ser autorizadas a liberação de mais duas milhões de doses. No entanto, após essa data, o diretor afirmou que não há mais matéria para a produção da vacina, e responsabilizou o governo Bolsonaro pela possível falta. “Então pode faltar? Pode faltar. E aí nós temos que debitar isso principalmente ao nosso governo federal que tem remado contra”, declarou.

    Dimas Covas afirmou que, neste momento, há negociações com a China para embarque de matéria-prima correspondente de seis a oito mil litros do IFA, mas que há sinalização de redução desse volume para dois mil litros. A alteração também se deu na data inicial de liberação do insumo, de segunda-feira (10) para quinta-feira (13).

    “Isso nos preocupa muito porque dependemos da chegada da matéria-prima o quanto antes para regularizarmos a entrega para o Ministério da Saúde. E todas essas idas e vindas do governo federal é claro que tem um impacto no ritmo de liberação”, pontuou. Segundo ele, a entrega do imunizante está acontecendo, mas em uma quantidade menor do que poderia acontecer. “Tanto o Butantan quanto a Sinovac têm capacidade de processar maior número de vacinas, essa é a grande questão”.

    Na quarta-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer ataques diretos à China citando uma teoria da conspiração de que o vírus da covid tenha sido criado em laboratório ou causado por ingestão de um animal. Bolsonaro chegou a classificar a pandemia como “guerra química”.

    Dimas classificou que a fala de Bolsonaro contém “inúmeras inverdades” que vão contra o relatório produzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que descarta a hipótese de o vírus ter sido fabricado em um laboratório chinês. “Todas as declarações nesse sentido têm repercussão”, destaca Dimas Covas. “Nós já tivemos um grande problema no começo do ano e estamos enfrentando de novo o mesmo problema”.

    Na avaliação de Dimas Covas, apesar da troca do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo por Carlos França, o governo continua sem alinhamento sobre a pandemia da covid-19. “Embora a embaixada da China no Brasil venha dizer que não há esse tipo de problema, a nossa sensação de quem está na ponta é que existe dificuldade”, disse.

    O governador, João Doria (PSDB), também reagiu às manifestações feitas contra China dizendo que as “sucessivas” declarações contra o país geram um “profundo mal-estar na chancelaria e na diplomacia chinesa”. Segundo o governador paulista, “é inacreditável que diante de uma circunstância onde precisamos salvar vidas, proteger vidas, e termos mais vacinas, tenhamos alguém criticando a China, que é o grande fornecedor de insumos para a vacina”.

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