Ambulantes irregulares ocupam as ruas e lojistas pedem mais fiscalização
Cuscuz, bijuterias, água, guarda-chuva, picolé, CDs e DVDs, cartão de memória e outros eletrônicos, são apenas alguns dos produtos que estão sendo comercializados em pleno centro histórico sem nenhuma fiscalização. Os locais mais críticos, e consequentemente alvo da maior parte das reclamações são a Rua do Imperador na altura do Calçadão do Cenip, e próximo aos Correios, e a Rua Paulo Barbosa. Além de comerciantes, moradores dessas regiões e também pedestres se mostraram insatisfeitos.
A Rua Paulo Barbosa é conhecida por ter grande circulação de pessoas, porém nos últimos meses a situação ficou ainda pior e andar no local se tornou uma tarefa difícil. Além dos outros pedestres, as pessoas agora também precisam disputar espaço nas calçadas com barraquinhas de comida, carrinhos de sorvete, e tapetes cheios de bijuterias. Concorrência classificada como desleal pelos comerciantes e ambulantes legalizados pela prefeitura, que precisam pagar taxas como: o Imposto sobre Serviços (ISS) e do Micro Empreendedor Individual (MEI).
Como se não bastasse os preços ofertados pelos ambulantes que atuam sem licença são muitas vezes a metade do valor dos produtos oferecidos nas lojas. “Não podemos fazer nada! Literalmente assistimos o nosso movimento cair pela metade e as vendas dessas pessoas que não tem os mesmos gastos que nós só aumentarem. Além dos concorrentes que vendem as mesmas mercadorias que nós, ainda sofremos com as mulheres que entram nas lojas, sempre com crianças de colo, vendendo balas. Normalmente não esperam nem que terminemos nosso atendimento e já abordam os clientes”, contou R.M, que trabalha no comércio, e preferiu não se identificar por medo de represálias.
Além disso, os lojistas alegam que não tem como precisar se os produtos vendidos pelos ambulantes têm uma boa procedência. “Nós oferecemos nota fiscal. Garantia do produto, entre outros benefícios que afirmam a qualidade da mercadoria que vendo. Já as bijuterias, guarda-chuvas e outros itens desses vendidos de qualquer jeito na rua, não tem como saber de onde eles vem, muito menos trocar em caso de defeito. Mesmo assim ainda tem consumidores que preferem se arriscar”, relatou outro empresário que também não quis se identificar.
A concorrência está tão grande que os próprios ambulantes estão tendo dificuldades nas vendas. De acordo com um aposentado que vende picolé em Petrópolis há dois anos, e que aceitou conversar com a equipe de reportagem mas sem se identificar, o faturamento caiu pela metade desde o fim do ano passado. “Todos os dias busco os meus 50 picolés no Edifício Municipal e vendo ao longo do dia.Tento pelo menos, isso porque as vendas caíram 50%. Muito por causa dos outros vendedores de picolés, que ao contrário de mim, podem ofertar diversas marcas de sorvetes nos carrinhos deles. As nossas carrocinhas já são conhecidas na cidade e nunca incomodaram ninguém”, contou entristecido o aposentado que vende sorvetes na tentativa de complementar a renda da família.
Durante a reportagem a equipe da Tribuna de Petrópolis chegou a ser vigiada por ambulantes da região, que de acordo com os comerciantes não são oriundos de Petrópolis na maioria dos casos.
Em nota, a Coordenadoria de Fiscalização, subordinada à Fazenda, informou que atua para coibir os vendedores ambulantes que não possuem autorização para comercializar produtos. Desde antes de o Natal, ainda na gestão passada, a fiscalização deixou de atuar e foi verificado aumento do número de ambulantes não credenciados e hoje, na nova administração, a prefeitura intensificou a fiscalização para retirar o comércio irregular das ruas da cidade. A coordenadoria de Segurança identificou ambulantes irregulares (que são, em sua maioria, de fora da cidade) e vai intensificar o processo de retirada dos mesmos das ruas.
Após a reforma administrativa e criação da Secretaria de Serviços, Segurança e Ordem Pública, a fiscalização do Código de Posturas do município passará a ser atribuição da nova pasta. Serão retomadas as atividades do Grupamento de Proteção às Atividades Municipais (GPAM) dentro da Guarda Civil, que vai dar apoio à fiscalização.