Egrégio, colendo, excelso e ínclito
Nossa profissão de advogados valoriza o notável saber jurídico, a linguística, o vernáculo e não tanto quanto antes, observa os belos brocardos e adágios latinos nos arrazoados e petições. Independente do clima ou estação do ano, se olha com bons olhos um belo nó na gravata e um corte inglês no feitio do terno. Dizem alguns que esse pormenor distingue o padrão de comportamento, a educação, o nível cultural e social do profissional. Não obstante a modernidade impressa nos dias atuais os olhos estão atentos a estes adminículos. Valha-nos Deus a ousadia da ausência de formalismo e ele não estão adstritos somente aos tribunais, mas, um jurista ou causídico das várias áreas que use a palavra deve exercê-la “pela ordem” “vênia máxima”, no parlatório, procedimento contrário constitui um pecado mortal aos olhos ortodoxos.
E não é somente um comportamento de cidades burguesas ou provincianas, isso ocorre no litoral e metrópoles. Não raramente se ouve comentários ante os excessos cometidos e o bom ou mau gosto, competência ou incompetência… Visto pelas lentes religiosas que prioriza a virtude e a simplicidade vislumbraria exagero, porém, há de se reconhecer que na liturgia há o ritual e a riqueza dos paramentos. Na área jurídica, por exemplo, além da apresentação da ebúrnea em fina renda, toga e capelo é de bom tom que se redija de forma inteligível, objetiva e concisa. É no mínimo uma demonstração de respeito à parte e a autoridade para a qual se dirige o pleito. Quando pedimos devemos fazê-lo com clareza e legitimidade. E a recíproca deve ser verdadeira notadamente o dever de se respeitar para ser respeitado. A atuação deve ser sincera.
O profissional do direito tem a prerrogativa de ser chamado de Doutor, título esse concedido aos advogados por Dom Pedro I, em 1827. É usual que se dirija as autoridades do Poder Judiciário, por exemplo, os Magistrados, Desembargadores e os Membros do Ministério Público de Excelências e os demais órgãos que atuam nos processos se trate de Ilustríssimo. Nos Tribunais e Colegiados em Segundo e demais graus de recurso o tratamento de costume é “Colendo” “Egrégio” “Excelso” “Ínclito” e etc… É normal ao nos referirmos aos acórdãos que usemos o termo “venerando” e, “respeitável” à sentença, parecer ou julgado.
Devemos estar alertas ao formalismo ainda que para muitos não passe de expressões barrocas que, se empregadas de forma incorreta, poderão vulgarizar a redação. Frise-se que não adiantaria um belo texto se desprovido das provas admitidas em direito, isto é, a testemunhal, documental e pericial. Todo profissional tem como objetivo o triunfo, mas, também não deve concluir que tudo está perdido se um julgamento não corresponder ao esperado.
Há instâncias superiores e recursos, por isso, eles devem ser esgotados estando sempre alerta que além de um terno engomado, um laço bem feito, um corte inglês, o carro último tipo e o conjunto de salas mais elegante da cidade o fio condutor é a lisura, a ética, o conhecimento prático, teórico, doutrinário, jurisprudencial, o bom senso e principalmente o fiel cumprimento dos prazos, determinações Judiciais, atendimento às cotas do Ministério Público e Órgãos Fiscais. Conclui-se que o conteúdo e o continente estão interligados e integram ao universo onde o astro da constelação deve ser você na certeza de que na atividade profissional há dias de estresse e, outros tantos de benesses.