• BR-040: Postos Policiais só existem na propaganda

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  • 15/01/2017 07:00

    Subir a serra à noite, depois das 22h, tornou-se perigoso. De três postos da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o trecho passou a ter um. E em 102 quilômetros de rodovia, no trecho que vai da Praça de Pedágio de Xerém até a divisa do estado com Minas Gerais, só há dois postos de policiamento, por falta de efetivo de policiais. Assaltos têm se tornado frequentes e motoristas se sentem inseguros, sem ter a quem recorrer em caso de necessidade.

    Josias Francisco dos Santos, corretor de imóveis, foi mais uma vítima. Ele a família foram assaltados no último sábado, dia 7, quando subiam a serra, por volta das 23h20, na altura do Km 93 – cerca de 50 m depois do restaurante “Machado”. O motorista conta que o assaltante espalhou muitas folhas de bananeira no meio da estrada, em uma curva. Ele teve de frear, quase parando o carro. “Nesse momento, o assaltante veio, armado de um facão, rendendo o veículo, dizendo 'Perdeu! Perdeu!'”. 

    Cinco pessoas estavam no carro. Ninguém ficou ferido. Mas ficaram a pé, no meio da Serra, à noite. Uma van parou minutos depois e lhes deu carona. Para sorte deles, o carro foi encontrado pela polícia abandonado restaurante conhecido como “Barraquinho”, no dia seguinte. “Quer um conselho? Não suba a serra depois das 23h”, alertou o corretor.

    Porém, nem sempre dá para escolher. E a verdade, é que a maioria das pessoas não deixa de circular na serra por causa dos riscos. O profissional de marketing Renan Vargas, de 28 anos, é um dos que se sentem inseguros para subir tarde, mas não deixa de fazê-lo. “É perigoso. Eu procuro aumentar a velocidade para minimizar os riscos de ter um carro emparelhando com o meu na estrada”, disse, “Acho que um posto da PRF na Serra ajudaria. Mas também um policiamento mais ostensivo no trecho de Duque de Caxias, antes da subida”.

    No site da concessionária Concer, concessionária que administra a via, são apontados cinco postos e delegacias da PRF no mapa interativo da rodovia. Mas a verdade é que do Km 102, localidade próxima à Praça de Pedágio de Xerém, ao Km 0, na divisa do estado com Minas Gerais, só há dois postos da PRF ativos. Um fica no Km 22, em Três Rios, e o outro no Km 82, no Quitandinha, que é o mais próximo da Serra e só conta com apenas cinco policiais e duas viaturas. “A gente sempre faz rondas pela serra, embora nem sempre seja visto. Mas são só dois postos para uma área muito grande, né. É um problema de falta de efetivo, que não é só daqui, é um problema nacional”, disse um policial rodoviário federal, que preferiu não ser identificado. Ele conta que, inclusive, o posto da PRF da antiga Praça de Pedágio de Xerém foi desativado por falta de efetivo de policiais. 

    O posto que havia na altura do Km 89, próximo ao Belvedere, foi demolido há dois anos, durante as obras de construção da nova pista de subida da Serra para a construção de um viaduto – embora já estivesse desativado desde o início da obra, em 2013. Inaugurado em 2006, o posto foi construído com verba do Município e foi reformado e ampliado em 2013. Na ocasião, o governo federal investiu R$ 300 mil na obra de recuperação. O prédio recebeu melhorias de infraestrutura, com reinstalação da rede de água, recuperação da rede elétrica, pintura, recuperação do telhado e limpeza da área externa. 

    De acordo com o chefe do Setor de Comunicação da PRF, José Hélio, havia uma previsão de que a concessionária responsável pela obra construiria outro posto em substituição, em local a ser definido. Até hoje não foi feito. Como a construção do posto fazia parte do projeto de construção da pista e como a obra foi totalmente paralisada em julho de 2016, não há previsão de restituição à sociedade do dinheiro público perdido.

    Ainda segundo José Hélio, a PRF aguarda por parte do Governo Federal – talvez para o ano que vem -, um aumento definitivo de efetivo de policiais paro o Rio de Janeiro como um todo. “O aumento do efetivo é sempre bem-vindo. Tivemos um reforço do policiamento no Rio antes e depois da Olimpíada que foi muito bom”, disse. Porém, o policial destaca que não basta somente aumentar o número de policiais, é preciso um conjunto de medidas na Segurança Pública, como a integração entre as policias e troca de informação. “E outras medidas que não passam só pela questão da segurança… O problema da violência no Rio de Janeiro é muito mais complexo. Focar só na segurança não resolverá as coisas”, disse.


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