Viagens da linha Terminal Itaipava dobram o tempo de percurso, após obras do DNIT na Estrada União e Indústria

Os dias de luta para os petropolitanos que dependem do transporte público continuam. Não bastasse as recorrentes reclamações sobre uma possível redução na oferta de ônibus (segundo o Setranspetro, a frota operante é de 80%, chegando a quase 90% nos horários de pico), agora, os usuários da linha 700 – Terminal Itaipava lidam com o aumento significativo do tempo da viagem, devido às obras realizadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), na Estrada União e Indústria.

Segundo o Setranspetro, a linha 700 – Terminal Itaipava é uma das mais extensas em Petrópolis. São 19,9 quilômetros por viagem e o percurso, normalmente, é realizado em um período de 50 minutos. Porém, dados do sistema de monitoramento via GPS mostram que o percurso da linha, após as intervenções na União e Indústria, aumentou para 1h15. Os dados mostram, ainda, que nos dias mais caóticos da obra, com mais de um trecho do percurso em sistema de “pare e siga”, o trajeto sentido Itaipava demora o dobro do tempo normal, chegando a 1h40.

O Setranspetro acrescenta que desde o início das obras, a operação de qualquer linha de ônibus que passa pela região foi comprometida.

O gerente de operação da Turb, Márcio Silva, conta que o trecho em Bonsucesso tem sido um dos mais críticos. “Nessa quarta-feira (14) tivemos muitos problemas nesse trecho. Um percurso de 1,3km, que geralmente é feito em três minutos, está sendo realizado em 29 minutos”.

Reclamações do trecho em Bonsucesso continuam

O empresário Guilherme Lacombe relatou, nessa quarta-feira (14) à Tribuna, que o trânsito tem sido um problema diário para as pessoas que passam pela Estrada União e Indústria e que vê falta de planejamento do DNIT, diante do fluxo de carros que passam diariamente na região.

“Aproveito para deixar claro que não sou contra as obras. Nós estávamos precisando dessas melhorias, mas não tem planejamento. O transtorno é diário. Eles não poderiam fazer o serviço à noite?”, questionou.

De acordo com Lacombe, o trevo de Bonsucesso tem sido o ponto mais crítico. “Em Bonsucesso, o trânsito já é caótico, então junta o trânsito diário, mais a barreira sanitária e o pare e siga. Tem sido muito difícil passar por ali”, disse. Ele acrescenta que devido às obras, uma funcionária do seu estabelecimento leva 1h30 no percurso de ônibus entre Araras e Corrêas.

Célia Faria também relatou os problemas enfrentados no trecho de Bonsucesso e as consequências da falta de planejamento nas obras em sua rotina. “Está faltando planejamento. Essa obra deveria estar sendo feita à noite, já que o fluxo de carros é muito menor que durante o dia. De Itaipava ao Centro, eu levava 40 minutos, mas agora, com a obra, eu demoro entre 1h30 a 2h. Me atrapalha muito, porque eu sou caseira e perco um dia de trabalho para ir ao Centro”.

CPTrans faz ações experimentais tentando diminuir o caos no trânsito em Itaipava

Nessa quinta-feira (15), a CPTrans promoveu algumas medidas experimentais na Estrada União e Indústria tentando diminuir os impactos do caótico trânsito em Itaipava. De acordo com a companhia, a fiscalização foi intensificada e um reajuste no tempo do sistema “pare e siga” foi feito, buscando mais mobilidade para o trânsito. Os agentes de trânsito utilizaram body cam, que é um equipamento acoplado no uniforme dos profissionais e que transmite imagens ao vivo para o Centro Integrado de Monitoramento e Operações de Petrópolis (CIMOP), e um drone para identificar o motivo das retenções e buscar soluções para o problema. Mudanças na sinalização horizontal também foram implementadas na altura do trevo de Bonsucesso.

Nesta sexta (16), a CPTrans também realiza, em caráter experimental, a interdição do trecho da Estrada União e Indústria (sentido Itaipava) entre Nogueira e Bonsucesso. O trânsito será desviado para a antiga Estrada Mineira até a ponte de Vila Epitácio.

Obras na Estrada União e Indústria começaram em 2020

As intervenções na União e Indústria já acontecem desde o dia 16 de junho do ano passado, quando, na época, a empresa responsável pelo trabalho começou a realizar, no Retiro, as melhorias no sistema de drenagem, para melhorar o escoamento da água da chuva, visando a conservação da pista.

Antes da pandemia, a Estrada União e Indústria registrava movimento de 100 mil pessoas por dia, o que reforça a importância das melhorias com planejamento.
O trecho, de 25 km de extensão, que se inicia na Barão do Rio Branco e vai até Pedro do Rio, está sendo totalmente reformado. Dentre as melhorias estão os serviços de pavimentação, drenagem, intervenções em calçadas, baias de ônibus e sinalização. Em trechos localizados nos distritos, também estão previstas dez obras de contenção.

A Tribuna questionou o DNIT sobre os problemas relatados na reportagem, mas não obtivemos resposta.