• Brasileiros sacam R$ 3,524 bilhões da poupança em março, revela BC

  • 07/04/2021 15:48
    Por Fabrício de Castro / Estadão

    Em um ambiente de dificuldades para a economia, os brasileiros retiraram da poupança R$ 3,524 bilhões líquidos no mês de março, informou nesta quarta-feira, 7, o Banco Central. Este foi o terceiro mês consecutivo de saques e coincide com o fim do pagamento do auxílio emergencial a boa parte da população.

    Em março, os depósitos da poupança somaram R$ 317,651 bilhões, enquanto os saques brutos foram de R$ 321,175 bilhões. Este movimento gerou o saque líquido total de R$ 3,524 bilhões no mês. Considerando o rendimento de R$ 1,743 bilhão da caderneta em março, o saldo total das contas chegou a R$ 1,013 trilhão.

    Março foi o terceiro mês seguido em que os brasileiros mais tiraram do que colocaram dinheiro na poupança. Considerando os primeiros três meses de 2021, a população já retirou R$ 27,542 bilhões líquidos da caderneta. Este resultado surge após o BC ter registrado, em 2020, dez meses consecutivos de depósitos líquidos (de março a dezembro).

    A mudança ocorre na esteira do fim do pagamento do auxílio emergencial, no encerramento de 2020. Assim, nestes primeiros meses de 2021, o efeito do auxílio emergencial sobre novos depósitos na poupança não foi percebido.

    Além disso, a caderneta foi impulsionada em 2020 pela maior cautela das famílias brasileiras. Preocupadas com a renda futura e com medo do desemprego, muitas delas reduziram gastos e passaram a aplicar recursos na poupança, o que elevou o saldo. Este movimento foi o que o próprio BC chamou de “poupança precaucional”.

    Em contrapartida, as famílias passaram a enfrentar, neste início de 2021, as tradicionais despesas de início de ano (IPTU, IPVA, matrículas de filhos em escolas particulares e gastos com material escolar), além de um ambiente ainda negativo para a economia. Estes fatores favorecem os saques na poupança, com muitos brasileiros precisando de recursos para fechar as contas.

    A poupança é remunerada atualmente pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros), hoje em 2,75% ao ano. Na prática, a remuneração atual da poupança é de 1,93% ao ano. O porcentual não cobre necessariamente a inflação.

    Esta regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano).

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