• Na Europa e no Oriente, brasileiros se sentem aliviados

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  • 04/04/2021 07:36
    Por Paulo Beraldo e Thaís Ferraz / Estadão

    No Reino Unido, os parques voltaram a ficar lotados pela primeira vez em meses. Em Israel, passaportes verdes permitem que os imunizados retomem algumas atividades. E nos Emirados Árabes Unidos, onde a vacinação já chegou à metade da população, restaurantes e baladas voltam a receber visitantes. Cenas de retorno à “normalidade” se repetem em diferentes regiões onde a imunização contra o coronavírus avança – embora o momento ainda exija cuidados, segundo especialistas e órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS).

    Israel, o país com mais doses de imunizante aplicadas por 100 habitantes, reabriu a maior parte da economia, ainda que com algumas restrições. Hotéis, bares e restaurantes, salas de eventos, escolas primárias e secundárias foram reabertos no início de março, e eventos esportivos estão autorizados.

    O brasileiro Felipe Malbergier, cientista de dados em uma empresa de interpretação genômica, conta que a primeira sensação que teve após tomar a vacina em Tel-Aviv foi de alívio. “Foi uma sensação de enxergar uma luz no fim do túnel”, relembra. Depois de uma semana, ele ganhou seu passaporte verde, um documento digital emitido pelas autoridades sanitárias israelenses que autoriza imunizados a realizarem algumas atividades que ainda não estão totalmente liberadas, como ir a teatros e museus.

    Malbergier conta que a principal mudança em sua rotina foi a possibilidade de ver amigos e parentes sem nenhum problema. E sem usar máscara. “Seja um aperto de mão, um abraço entre amigos, é uma sensação de liberdade voltar ao normal”. Ele também voltou a trabalhar presencialmente no escritório da startup onde trabalha e voltou a ir a restaurantes, sentar no local e pedir comida para o garçom. “A última vez que me lembro de fazer isso foi em março do ano passado. Foi uma sensação muito diferente, alguém trazendo sua comida depois de um ano e tanto – é uma sensação estranha e feliz.”

    Nos Emirados Árabes Unidos, a mudança também começa a ser sentida. “Aqui a vacina está disponível gratuitamente para toda a população, não está sendo distribuída por idades”, diz a criadora de conteúdo Valeria Mandelli, de 22 anos, já vacinada, que relata se sentir muito mais protegida e segura agora. “Mas o uso de máscaras ainda é obrigatório e os locais fechados continuam tendo um limite de capacidade.”

    Durante junho e julho do ano passado, a cidade turística enfrentou um forte lockdown. Imagens de drones esterilizando locais públicos viralizaram nas redes sociais. “Era uma época em que não se podia ir para a rua a não ser para trabalhar. As multas eram absurdas, acima de R$ 10 mil”, lembra o comissário de bordo internacional e criador de conteúdo Gabriel Santos, de 28 anos.

    Com a reabertura, restaurantes, hotéis e até baladas voltaram a receber visitantes. “Tudo foi reinventado: lugares em que as pessoas ficaram em pé deram lugar a mesas”, diz Gabriel. No último mês, no entanto, com um aumento na taxa de infecções, o país voltou a restringir algumas atividades. “A quantidade máxima de pessoas por mesa passou de 7 para 5, não pode mais ter música ao vivo… Eles estão constantemente reformulando as políticas para se adaptar”, conta Gabriel.

    No Reino Unido, que já aplicou ao menos uma dose da vacina em 45% da população, o clima de esperança é balanceado com muitas precauções. A brasileira Diane Alves da Costa, estudante de MBA em Londres, explica que a vacinação em si não alterou as regras do lockdown, que vem sendo flexibilizado aos poucos. Bares e restaurantes não podem servir bebidas alcoólicas e funcionam apenas no sistema de comprar e retirar no local ou por delivery – enquanto outros fecharam as portas. “A falta de turistas afetou muito esses empreendimentos e alguns estão trabalhando em sistema delivery para tentar sobreviver a esse período”, conta.

    Diane tem experiência na área de hotelaria e afirma que percebeu portas fechadas e trocas de letreiros em muitos restaurantes, pubs e bares, principalmente em Canary Wharf e City of London, dois bairros corporativos. “Devido ao home office, muitos empreendimentos não essenciais foram prejudicados, ainda mais nessas áreas com pouca demanda residencial.”

    A empresária Roberta Rocha, de 30 anos, diz que em Londres as medidas de isolamento social são bem mais restritivas do que no Brasil, até mesmo com a aplicação de multas que chegam a 10 mil libras para quem descumprir as regras. Para ela, a maior mudança após ter tomado a vacina foi se sentir mais protegida. “Mas isso não me dá a liberdade de extrapolar e sair dos limites ou de me comportar como se eu nunca fosse pegar ou passar o vírus”, afirma. “É egoísta a ideia de tomar a vacina e achar que tudo vai voltar ao normal – tem de se cuidar e cuidar dos outros”, diz, acrescentando que parques já voltaram a lotar e duas famílias de casas diferentes foram autorizadas a se encontrar.

    Em 12 de abril, as lojas e o comércio voltarão a funcionar e ela percebe a animação da população. “Vejo realmente mais pessoas nas ruas, principalmente nos dias de sol.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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