Barack Obama
Em janeiro próximo despede-se da cadeira número um do mundo, a de presidente dos EUA, o advogado e professor de direito constitucional Barack Obama, após dois mandatos consecutivos a frente da maior potência econômica e militar do globo.
O primeiro afrodescendente a ocupar o posto do “homem mais poderoso do mundo” em uma nação multirracial onde predominam descendentes de ingleses, irlandeses e escoceses e que muitos seguimentos insistem classificar como conservadora, seja do ponto de vista social e sobretudo econômico, o presidente Obama, pessoa simples sem ser simplório, humilde sem ser subserviente, deixa o poder do “império” com altos índices de aprovação popular.
De gestos considerados modestos ao cumprimentar a sua própria guarda presidencial estendendo-lhes as mãos até degustar ao lado da sua bonita família um sanduíche com coca cola na lanchonete da esquina.
Num país aonde a clareza de ideário e de programas políticos pontuam na organização social, o presidente Obama integra os quadros do Partido Democrata considerado aquele que representa os anseios progressistas em oposição aquele mais conservador, o Republicano.
Mais ainda, num país como os EUA onde se pratica em maior intensidade a economia de mercado sob um regime rigorosamente democrático e respeito às leis, não passa desapercebido a alternância do poder de um democrata simples, Obama a um “big shot” republicano e bilionário como Donald Trump.
A visita que Obama fez ao Brasil no ano de 2011, acompanhado de sua esposa e filhas, todas igualmente simpáticas e simples, conquistou muitos de nós ao visitar a Cidade de Deus e discursar para um Teatro Municipal do Rio de Janeiro com a sua lotação esgotada e que só não ocorreu ao ar livre na Cinelândia por motivos de segurança.
Na sua estadia assinou vários acordos bilaterais com o nosso país e em diversas áreas.
Nada obstante a participação dos EUA intervindo em alguns conflitos como o da Líbia e em outras localidades, foi sob a sua responsabilidade que foi deflagrada a operação que resultou na morte do terrorista mais procurado no mundo, Osama Bin Laden, tendo sido sob as suas ordens a volta das tropas ao Iraque.
Os esforços de Barack Obama intencionando disciplinar a grande ameaça ambienta globall causada pela emissão de gases produzidos pelos combustíveis fósseis, tendo os próprios EUA como os seus maiores emissores, resultaram no Acordo Sobre Mudanças Climáticas Globais, e o restabelecimento das relações com Cuba foram grandes jogadas no tabuleiro do xadrez.
Não sem motivos em 2009 foi o vencedor do Nobel da Paz, uma vez que com muito engenho foi um dos seus construtores no período.
No verdadeiro cipoal das grandes complexidades que envolvem as relações multilaterais de um mundo novo, globalizado, Barack Obama foi dos melhores jogadores do xadrez da geopolítica mundial.
Despede-se do poder após oito anos afirmando que voltará ao seu ofício de advogado e às salas de aula, abstendo-se, logicamente, de “lobbies” em favor de empreiteiras ou outra qualquer megacorporação, de ter enriquecido ou de ter sido “presenteado” com imóveis, jóias ou iguarias.
marcosbaccherini@yahoo.com.br