Perda auditiva na 3ª idade tem tratamento e pode ser evitada
Apesar da perda auditiva na 3ª idade ser muito comum e parte natural do processo de envelhecimento do sistema auditivo, apenas uma em cada cinco pessoas que têm o problema procuram ajuda médica. O resultado é um agravamento do quadro, perda cognitiva e consequente isolamento.
A perda da audição é comum a partir dos 60 anos, porém depende de questões familiares, de hábito e de exposição a ruídos, que podem trazer a perda mais cedo. Em todo caso, na perda gradativa da audição, a vida é afetada de muitas maneiras. De acordo com a fonoaudióloga petropolitana Andréa Kling Henaut, quem tem perda auditiva começa a ter perda de cognição, que é a forma como a pessoa compreende o ambiente. “O cérebro fica cansado de tanto tentar escutar. A pessoa começa a se isolar – o que também causa uma perda geral de cognição”, disse.
Por outro lado, as pessoas que convivem com aqueles que têm problema de audição muitas vezes perdem a paciência para se relacionar porque têm de repetir as mesmas coisas várias vezes, porque a pessoa não entende, porque é preciso falar mais alto. Nesses casos, o afastamento de parentes e amigos contribui ainda mais para o isolamento de quem tem déficit auditivo.
No entanto, apenas uma de cada cinco pessoas com perda auditiva procura tratamento médico. O retardamento da procura por ajuda passa por muitos fatores. É muito comum pessoas com dificuldade na audição afirmarem que o problema não está nelas, mas nas outras pessoas, que “falam muito baixo”, ou que “falam muito rápido”, ou que “falam para dentro”. Outro fator que inibe o tratamento é a vergonha de usar o aparelho, por acreditar que será algo muito chamativo. A boa notícia é que com os avanços tecnológicos, os aparelhos estão cada vez menores e mais eficientes.
A Dra. Andréa ressalta como o uso do aparelho traz mudança na qualidade de vida do paciente: “É outra vida. A pessoa poder se relacionar com as pessoas, saber o que estão falando, do que estão rindo – saber, inclusive, que não estão rindo dela, mas com ela. O uso do aparelho vai modificar totalmente a qualidade de vida de quem está usando e de quem está em volta também. Muda a estrutura familiar”, disse.
Se o tratamento e uso de aparelhos auditivos pode melhorar a qualidade vida, o não uso pode, por outro lado, só agravar a perda da audição. Por isso, a procura precoce por ajuda é importante. De acordo com a fonoaudióloga, assim que você começar a sentir dificuldade para se comunicar, tiver que aumentar a TV com frequência, não entender o que os outros falam ao telefone, a primeira coisa que se tem que fazer é procurar um otorrinolaringologista para avaliação. Ele vai fazer a avaliação e identificar se é perda auditiva ou outro problema. “Quanto antes procurar ajuda, melhor vai ser para o tratamento da audição”, disse.
Nesse contexto, é importante ressaltar que o uso intenso e exagerado de fones de ouvido na juventude pode causar enormes prejuízos no futuro. “A tendência desses jovens de hoje é no futuro estarem todos com perda auditiva. Porque o ruído de música mata as células auditivas tanto quanto o ruído de trabalho”, disse Andréa. “Por isso, é importante que o uso dos fones seja evitado ou, quando usado, deve ser usado em volume moderado”. Além disso, pessoas que trabalham em ambientes com muito ruído devem usar equipamento de proteção individual.