• A pedra e a vidraça

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  • 07/12/2016 12:00


    Nas madrugadas de 31 de dezembro costuma ocorrer um fenômeno quase mágico. Coisa que beira à "alquimia", transformando "pedra em vidraça", "vidraça em pedra". Correto? Produtivo? Concordo que não, mas confesso enxergar nisso (ainda que por alguns segundos) uma justiça quase poética, aplicada sobre os que se omitiram, recusando-se a enxergar o óbvio: a falência do Estado do Rio, endêmica, contagiosa e que levou para o abismo os municípios fluminenses.

     E Picciani já decretou: "2017 será de mais calote, demissões e aumento de impostos". O presidente do PMDB estadual fala com propriedade, conhecedor que é, da absoluta falta de recursos, credito e moral que assola o Palacio Guanabara e  casa legislativa que, igualmente, preside. E aí tem incio a justiça, afinal de contas, aqueles que se recusaram a cerrar fileiras em defesa de Petrópolis, cobrando os milhões que deixaram se ser pagos para a manutenção das UPAS, do programa Somando Forças, ou mesmo da manutenção do restaurante popular terão de enfrentar, agora, seus próprios fantasmas.

     Seria poético, sim, não fosse trágico, tardio e perigoso. Torço, entretanto, para que seja, ao menos, edificante essa descoberta. Tão edificante como a constatação do filho que, quando atinge a vida adulta e se torna pai, descobre que a vida é dura, que os presentes custam caro e que o renó do bom velhinho só anda (ou voa) se for abastecido. Será uma descoberta traumática, mas, por outro lado, auspiciosa. Será o momento de nos reinventarmos e lutarmos, juntos, por nossa independência federativa, econômica, fiscal e política. É isso, ou não vai ter papai ou mamãe que dê jeito. Que dirá Santa Claus….

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