• Dom Pedro de Alcântara: o órfão de uma nação

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  • 02/12/2016 15:00

    “Às cinco da manhã os tiros já ribombavam pelos montes de S. Cristóvão e as bandeiras hasteadas tremulavam no azulado céu; eram estes os indícios do dia do meu nascimento, 2 de dezembro, dia memorável nas páginas da história do Brasil.” 

    Diário de d. Pedro II. Vol. I, 2 de dezembro de 1840 (Acervo do Museu Imperial – Ibram – MinC).

    “2 de dezembro de 1889 (2a fa) — 5 ¾ 64 anos.Quase 50 destes procurei servir o Brasil e mesmo de longe o farei.

    O dia parece belo, mas há os verdadeiramente assim sem esperança de voltar quase certa à Pátria?”

    Diário de d. Pedro II. Vol. XXIX, 2 de dezembro de 1889(Acervo do Museu Imperial – Ibram – MinC).

    Para celebrar o aniversário de nascimento do carioca mais ilustre de todos os tempos, Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, e que governou o Brasil como o imperador d. Pedro II, elegemos duas referências produzidas pelo próprio e anotadas pelo próprio e anotadas em seu diário por ocasião de seu aniversário. Pela forma, ambas as anotações parecem dirigidas para a posteridade ao mesmo tempo em que, pelo conteúdo, expressam momentos específicos da vida de d.Pedro de Alcântara.

    Na primeira, datada de 1840, vemos o imperador menino, de apenas 15 anos, crente na dimensão quase apologética da sua representa atividade com relação ao país. Órfão de mãe ainda bebê e de pai aos 9 anos, d. Pedro foi educado, tutorado, formado para governar sob a égide da ordem monárquica que seu reinado viria consolidar. E a alvorada festiva com tiros de canhão e bandeiras tremulando no céu azul reconhece o 2 de dezembro como “o dia memorável nas páginas da história do Brasil”, como o próprio aniversariante vaticinou. O retrato de d. Pedro II, de autor anônimo, ilustra bem essa atmosfera. Na têmpera sobre papel, o retratado aparece, em frente ao portal do Palácio de São Cristóvão, trajando farda imperial de gala e portando a insígnia da ordem do Tosão de Ouro e a placa de Grã-Cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul, referências do seu status político.

    Na segunda anotação, datada de 1889, vemos o imperador destronado que, do exílio imposto pelo governo republicano provisório, registra os anos de dedicação ao Brasil, expressa devoção à pátria e, sem rancor, manifesta a tristeza de não poder retornar ao seu país em vida. Tal sentimento está impresso na imagemsímbolo do epílogo da vida de d. Pedro de Alcântara. Na fotopintura de Félix-Tournachon, “Nadar”, de c. 1891, vemos o ex-imperador do Brasil em trajes civis e aparência debilitada pela doença. A imagem pode ser entendida como a reiteração final do epíteto que d. Pedro de Alcântara carregou por toda No Palácio de São Cristóvão, o imperador, aos 15 anos, com a farda imperial. vida: o órfão da nação.

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