• Nós, a União, o Estado e o sorvete

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  • 30/11/2016 12:00

    Assistimos, indefesos, à falência do Estado do Rio e que traz, a reboque, os municípios. Isso é fato, reflexo da dependência econômica, política e jurídica, que transforma as cidades e seus prefeitos (não importa a sigla política) em pedintes e expectadores das ações, vontades e, quiçá, arroubos de responsabilidade de governadores e presidentes. 

    Por isso, apesar de não termos participado de  jantares em Paris, não termos presenteado nossas esposas com os famosos pisantes de sola vermelha, acabamos pagando o pato. Pois bem, dito isto e, partindo da triste premissa de que o fenômeno é verdadeiro, o que temos feito a respeito? Além dos solitários apelos do atual prefeito e outros poucos gatos pingados, a grande maioria dos agentes políticos segue fazendo cara de paisagem, dando de ombros à origem da crise financeira que, finalmente, bate as portas de Petrópolis.

     Falo de nossos “combativos” legisladores municipais, figurinhas interessantes (justiça seja feita, o fenômeno é nacional) e que parecem viver em uma ilha de prosperidade, alheios à sua pouca relevância constitucional. O que será preciso para que nossos vereadores afinem discurso e entrem nessa discussão? Nos custam 30 milhões de reais por ano e, até onde sabemos, terão seu 13° depositado religiosamente em dia! No último fim de semana, no Hotel Quitandinha, a Fecomércio promoveu interessante encontro, onde os prefeitos do Estado do Rio se debruçaram sobre a questão e a necessidade de um novo pacto federativo. 

    Algum vereador presente? Sabem, ao menos, o que significa pacto federativo? Não queria, mas (parafraseando Darcy Ribeiro) "fecho os olhos da cara e abro os de minha memória" para contar uma pequena passagem e ensinamento do ex-prefeito Sérgio Fadel que, em meio a um golpe sorrateiro perpetrado pelos vereadores da época, soltou: "…não importa que estejamos em crise. Não importa que os vereadores tenham que apertar os cintos, como os demais. Vereadores são como crianças. Você dá uma nota de 10 e eles correm para a esquina e compram um picolé….". 

    Bem, meus amigos, esperemos que o comportamento mude, que o discurso se rebusque, que a consciência de que vivemos e produzimos as riquezas nacionais, nos municípios contamine o Palacio Amarelo. Com certeza teremos bons (poucos, é verdade) nomes naquela casa a partir de janeiro. Nos resta torcer para que o apetite por picolés seja menor do que a vontade de um município forte, altivo e autônomo. Verão que, a partir daí, vai sobrar sorvete para todo mundo.

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