Projeto fotográfico resgata a vida e os saberes do Quilombo Boa Esperança, em Areal
A terra para um quilombola é sagrada e foi pensando nisso que o fotógrafo e artesão Gabriel Ribeiro, de 36 anos, resolveu registrar através das suas lentes a vida dentro de uma aldeia. O local escolhido foi o Quilombo Boa Esperança, em Areal, onde vivem cerca de 114 famílias. O projeto começou em agosto e deve render uma publicação e uma exposição, que ainda não data para acontecer.
“A proposta do trabalho é mostrar e valorizar como os quilombolas se organizam e o quão produzem saberes sofisticados. A terra pra eles é sagrada e por isso cultivam a maioria dos seus alimentos e buscam em preservar o meio ambiente em que vivem. Com essa perspectiva, através de exposição, publicação, quero dizer que podemos aprender bastante com o estilo de vida de uma comunidade tradicional e que sofre marginalização e preconceito por uma parte grande da nossa sociedade. Coloco os quilombolas como protagonistas de suas histórias”, explicou o fotógrafo.
O Quilombo Boa Esperança é uma das 15 comunidades quilombolas existentes no Estado do Rio de Janeiro. Sua história começou em 1888, quando o fazendeiro Domingo Pereira da Costa doou suas terras para os escravos que tinha. Eles trabalhavam nas plantações do fazendeiro e, após a libertação, muitos deram continuidade ao cultivo de café, cana, milho, para sobreviverem. Os que permaneceram ali se desenvolveram e criaram seus filhos passando para as gerações futuras seus conhecimentos e tradições.
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“Conversando, escutando as histórias, suas perspectivas – em ser quilombola – é encantador, deparar com o entusiasmo, a felicidade, a força, a resistência, que eles e elas carregam em seus corpos. A terra para os quilombolas é muito mais do que um direito assegurado pelo Estado, ela é sagrada. Algo que todos ali precisam seguir o legado deixado por seus ancestrais e antepassados. Uma terra inalienável”, comentou Gabriel.
O fotógrafo está em busca de espaços para publicar as fotografias e também está de olho em editais, mas segundo ele, a ideia ainda é continuar desenvolvendo mais o projeto. “A ideia é mostrar através dessas relações, transformada em fotografias, o quanto a nossa sociedade, que se pretende hegemônica, pode aprender com os saberes sofisticados produzidos pelos quilombolas”.
Quem quiser conferir algumas fotos já estão no Instagram do Gabriel – @barba_fotografia.