• Bradesco demite quase 4,8 mil em nove meses

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  • 23/11/2016 17:42

    Milhares de bancários de todo o país foram às ruas nesta quarta-feira (23) numa mobilização pelo Dia Nacional de Luta contra os desligamentos do banco Bradesco, que demitiu mais de 4,7 mil funcionários de janeiro a setembro deste ano, mesmo período em que lucrou mais de R$ 12,7 bilhões.

    Em diversas cidades de todas as regiões do país sindicalistas distribuíram panfletos e fizeram uma campanha de conscientização tanto para os funcionários quanto para os clientes das agências. Em Petrópolis, onde oito funcionários foram demitidos desde janeiro, o movimento se concentrou na agência do Chalé Paula Buarque, na Praça Dom Pedro II, onde o vice-presidente Iomar Torres e outros membros e diretores do SindBancários fizeram discursos num microfone, explicando a situação para os clientes. “Estamos juntos, clientes e funcionários dos bancos nessa luta, porque um banco que demite e não repõe prejudica não só os desligados como também os funcionários e clientes”, disse Iomar, citando a reestruturação do Banco do Brasil como exemplo. “Não adianta lucrar e não gerar emprego e renda para o país”, completou. Dos oito funcionários demitidos na cidade, que representa 5% de toda a base municipal, um deles teve de ser reintegrado devido a problemas de saúde. “Ele tem lesão por esforço repetitivo, e por isso teve que ser reintegrado”, concluiu.

    A diretora administrativa do SindBancários, Carla Leite, citou ainda as questões da precarização do trabalho. “Quando você manda os funcionários embora e não coloca ninguém para repor, isso afeta diretamente a qualidade do trabalho. Assim, o mesmo funcionário que hoje faz o seu trabalho vai fazer o dele e o do outro. E como resultado o atendimento fica precário. O cliente hoje vai ter que esperar mais tempo na fila e isso não é culpa do bancário, porque quem tem que contratar mais funcionários é o banco!”, declarou, destacando também os danos aos trabalhadores pelo excesso de serviço. “O funcionário fica doente e com isso não consegue trabalhar, porque fica sobrecarregado”, completou. 

    Segundo dados da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Bradesco lucrou mais de R$ 15,7 bilhões em um ano, somente com tarifas de serviço e receita. “Não há crise para os bancos, porque o dinheiro está sempre sendo movimentado. Não tem desculpa de crise”, desabafou Carla, que também é funcionária do Bradesco.

    Incorporação do HSBC é considerada problema

    Depois que o Bradesco incorporou mais de 5 milhões de contas-correntes do HSBC, os funcionários estão enfrentando dificuldades como horas extras nos fins de semana e horário estendido das 9h às 17h. Além disso, os bancários sofrem com cobrança considerada abusiva de metas e desentendimentos com relação à negociação de planos de saúde e aposentadoria. 

    “O trabalhador não pode ser tratado como mercadoria. Queremos respostas e soluções à altura dos problemas recorrentes à incorporação. Não vamos aceitar que os direitos sejam cortados”, explicou o coordenador da comissão de organização dos empregados do Bradesco, Gheorge Vitti.






     

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