Mudança de postura de um povo mais consciente
A corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Como quase todo dito popular, este tem certa lógica, porém, como toda regra tem exceção e isso pode mudar. Historicamente, criou-se um modelo de gestão pública equivocado que aposta nisso, ou seja, o povo sempre pagando a conta. Assim, cabe questionar até quando será desse jeito, pois, aos poucos, é notória a transformação da sociedade e, gradativamente, a massa popular está tomando consciência de que a força está com ela.
Não fosse o modelo arcaico de gestão, cuja ainda se trava uma relação desigual aonde muito vai para poucos e nada para muitos, a história poderia ser diferente. E isso parece ter lavado a população à exaustão. Em verdade, isso não “pega” mais, ou seja, em plena era das redes sociais, todos estão de olho e dispostos a lutar pelos seus direitos. Cansados e desacreditados da classe política, os cidadãos têm mudado os desfechos de algumas tentativas arbitrárias de empurrar goela abaixo medidas que ferem os direitos constitucionais de cada um.
Exemplo disso foram as recentes iniciativas no Município e Estado do Rio. Quando a Câmara de Vereadores cogitou aprovar projeto criando aposentadoria vitalícia para parlamentares que completassem três mandatos consecutivos ou quatro intercalados, sendo servidores municipais, a repercussão contrária foi imediata. Criou-se uma petição on line intitulada “não vai ter mesada”, recolhendo assinaturas contra e o resultado foi a rejeição dos próprios vereadores ao projeto que foi arquivado.
O mesmo aconteceu com o chamado pacote da maldade do Governo Estadual. Consideradas radicais, as medidas causaram indignação, essencialmente dos servidores públicos, fazendo com que os deputados devolvessem ao executivo o projeto que prevê a criação de alíquotas de contribuições previdenciárias extraordinárias, considerada a principal proposta anticrise sugerida pelo governo. Dessa vez a sensibilidade dos deputados prevaleceu, pois inevitavelmente isso comprometeria a vida de milhões de pessoas.
Infelizmente, a corda ainda vem arrebentando do lado mais fraco, pois são milhões de desempregados, famílias sem poder de compra, sem saúde de qualidade, escolas precárias e a mercê da crescente violência. Consequências de más gestões, além da corrupção, que fazem do povo suas vítimas. Mas isso está mudando na medida em que o povo reconhece a força que tem.