• Registro de cepa do Amazonas avança em SP, preocupa cidades e causa ‘lockdown’

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  • 16/02/2021 13:01
    Por Estadão Conteúdo

    O Estado de São Paulo registrou até esta segunda-feira (15), 25 casos da variante da covid-19 do Amazonas, dos quais 16 são de transmissão local (autóctone). A maior parte dos casos (12) foi detectada em Araraquara, que decretou “lockdown” para conter a propagação da doença. A preocupação tem se estendido entre prefeitos do interior do Estado, onde as medidas de combate tem sido endurecidas diante do temor de colapso do sistema de saúde.

    Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, os casos da nova variante brasileira foram detectados em Araraquara (12), São Paulo (9), Jaú (3) e Águas de Lindoia (1). Um caso relatado em Campinas ainda não foi confirmado pelo governo do Estado. Há ainda outros sete relatos confirmados da variante britânica, todos de janeiro: cinco na capital e dois em Sorocaba. Todos também são de pessoas que tiveram contado com alguém de Londres, o que descarta, por ora, a transmissão comunitária.

    A pasta diz que a confirmação de novas variantes ocorre por meio de sequenciamento genético, “além da investigação epidemiológica dos casos, como históricos de viagens e contatos”. No caso de Araraquara, os 12 casos confirmados são autóctones, ou seja, não foram trazidos por pessoas que estiveram em Manaus recentemente. Parte dos casos na cidade chegou a ser classificada como sendo da cepa britânica, mas a classificação foi retificada com um ressequenciamento, aumentando o total da variante brasileira.

    A secretaria pontuou que as medidas já conhecidas devem continuar, como uso de máscara, higiene das mãos e distanciamento social. “Até o momento, não há comprovações científicas de que sejam variantes mais transmissíveis ou provoquem quadros mais graves.”

    O que especialistas têm apontado, no entanto, é que a nova variante, primeiramente detectada em Manaus, tem maior potencial de transmissão. Esse foi um achado de um estudo do Centro Brasil-Reino Unido de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (grupo Cadde) divulgado em janeiro.

    A situação tem preocupado prefeituras no interior de São Paulo. Além do “lockdown” em Araraquara, outras cidades repetiram a restrição máxima ou endurecimento das medidas, com toques de recolher, por exemplo. Em Guapiara, no sudoeste paulistas, o toque de recolher vigente vale das 14 às 6 horas, com multa para quem descumprir a medida. Em Américo Brasiliense, o “lockdown” adotado vale por 15 dias.

    Após confirmar três casos da variante de Manaus do novo coronavírus, a prefeitura de Jaú, região central do Estado, enfrenta um novo desafio. A Santa Casa, único hospital de referência para covid-19 na cidade, estava ontem com todos os leitos de UTI lotados e tinha nove pacientes à espera de internação. A cidade, de 151 mil habitantes, registra média de cinco mortes por dia.

    Conforme o secretário de Saúde local, Rodrigo Brandão, na primeira semana de fevereiro foram 41 mortes e, do dia 8 ao dia 14, mais 30 pessoas morreram. Ele acredita que a mortalidade maior pode estar relacionada à circulação da variante. A prefeitura se reuniu com a direção da Santa Casa para definir ações de enfrentamento ao novo cenário.

    Na capital, o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, disse que a rede tenta investigar a procedência do paciente detectado desde o primeiro contato com as unidades de saúde. No Hospital de Pirituba, informou, há uma ala com dez leitos voltados para internação de casos ligados à nova variante.

    “Não tem como baixar a guarda, fazemos o acompanhamento dia a dia. O que a gente tem de informação é que a variante tem um grau de transmissibilidade maior, mas não teria agravamento. Precisamos ver o reflexo disso nos casos e internações”, afirmou o secretário.

    Araraquara

    O “lockdown” de 15 dias passou a vigorar ontem em Araraquara. O decreto municipal determina que só serviços essenciais podem funcionar e limita horários: supermercados até 20 horas, postos de combustíveis até 19. Em qualquer horário, as pessoas devem justificar porque estão na rua. No primeiro dia, houve pouco movimento na cidade de 238 mil habitantes. No centro, apenas alguns estabelecimentos considerados essenciais atenderam, em meio a uma sequência de lojas com as portas abaixadas. Poucos carros e pessoas circularam. Até o início da tarde de ontem, 217 pessoas foram abordadas pela fiscalização da prefeitura em diferentes pontos.

    O prefeito Edinho Silva (PT) afirma que o comitê local relacionado à covid submeteu amostras para sequenciamento de cepas após verificar mudanças no perfil da doença na cidade. “Com ritmo de contaminação muito forte. Um vírus mais agressivo e que agrava o quadro em jovens”, detalha. “Se não fizermos isso (“lockdown”), nas próximas duas semanas nosso sistema entra em colapso”, reforçou o gestor, que teme que o mesmo ocorra em diferentes partes do Estado. Ele diz que o intuito é, com o distanciamento, fazer a curva de contaminação cair e, por ora, não cogita prorrogar o “lockdown”.

    A medida teve o apoio da população. “A pessoa só se conscientiza quando acontece na família dela ou próximo”, afirmou o segurança Marco Antonio Bernardo, de 53 anos. “Tem de restringir mesmo, ainda mais no carnaval”, disse o empresário José Walter Verzola. “É só sair quem precisa”, comentou o taxista Edvaldo Ferreira da Silva, de 62. Ontem, não havia leitos disponíveis na cidade (100% de ocupação em enfermaria e em UTI) – os internados eram 197. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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