• UTI: falhas e sobrecarga geram longa fila de espera

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  • 15/06/2018 17:33

    Com uma demanda de pacientes superior ao número de vagas de leitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) dos hospitais municipais, a fila de espera para quem precisa de internação chega a ser mais da metade do número total de vagas ofertadas no município. Atualmente, Petrópolis conta com, pelo menos, 40 leitos de UTI. Nesta semana, a lista de espera de internação com mandado judicial da Defensoria Pública chegou a 26 pacientes. Com o agravamento da situação nas últimas semanas, a Defensoria Pública já estuda entrar com uma ação civil pública exigindo melhorias no sistema de saúde do município. 

    Além da longa fila de espera, mandados judiciais expedidos na sexta-feira da semana passada, que tinham 24 horas para serem cumpridos, até terça-feira ainda não tinham sido solucionados. A defensora pública Andrea Carius demonstrou grande preocupação com as falhas nos atendimentos da rede municipal de saúde e levantou uma série de fatores que, segundo ela, têm contribuído na sobrecarga dos atendimentos emergenciais. 

    O primeiro deles seria o envelhecimento populacional. Segundo a defensora, em média, 90% das pessoas que precisam dos leitos são idosos. Outro fator é a chegada do clima frio. Durante o outono e o inverno, a demanda nas salas de urgência aumenta em até 30%. "É uma demanda mais complexa. Durante esse período ocorrem infartos, pessoas que sofrem AVC, insuficiência cardíaca e respiratória, as quais geram uma demanda por leitos de UTI com urgência, muito mais complexo do que no verão". 

    Para a defensora, é necessário que seja dada maior atenção a saúde básica nos postos de saúde da família. "As pessoas que hoje estão em uma urgência poderiam ser tratadas preventivamente, mas não são, porque os postos de saúde estão fechando ou estão trabalhando com a equipe incompleta. Isso é um desestímulo para que os pacientes procurem os postos de saúde e elas acabam recorrendo à urgência". 

    Um quinto fator, que confronta com os dados da Secretaria de Saúde, é o aumento no número de pessoas que residem em outros municípios e procuram o sistema de saúde de Petrópolis. De acordo com a Secretaria de Saúde, foram realizados 341 internações, entre janeiro e o início de junho, de pacientes de cidades da Baixada Fluminense, como Duque de Caxias, Magé e Nova Iguaçu. "Tomamos conhecimento de que algumas maternidades da Baixada Fluminense fecharam e isso causa impacto na maternidade do Hospital Alcides Carneiro. Esse impacto também está sendo visto na UTI Neo Natal, os bebês prematuros vão ficar em princípio naquele hospital. O impacto não é só na urgência", disse a defensora Andrea Carius. 

    Além de exigir providências diretamente no município, as defensorias públicas destes municípios também serão notificadas para que possam agilizar as demandas. Segundo Andrea, na última segunda-feira, em reunião com a Secretaria de Saúde, foram sugeridas algumas saídas, ainda que provisórias, para o desafogamento imediato dos atendimentos de urgência. "Foi sugerido o convênio com hospitais particulares para ocupação de leitos de forma emergencial, conforme prevê o código de defesa do consumidor. Mas isso é uma solução temporária, é preciso que sejam criadas novos leitos", evidenciou. 

    Uma demanda antiga do município é a carência de leitos de clínica médica. "As pessoas que chegam diariamente devem ser atendidas em macas, mas como não tem, elas são atendidas em cadeiras. Muitas das pessoas que estão nas macas, estão aguardando internação há dias. Os pacientes de acumulam nas salas amarelas e vermelhas, esses leitos estão se transformando em um local de espera para internação". A demora na avaliação cirurgica e realização dos exames tem sido outro agravante no quadro das urgências. Pacientes que antes aguardavam vaga para leitos de clínica médica, com a demora no diagnóstico, pioram e geram uma demanada mais grave pelo leito de UTI.

    Segundo Andrea, a Defensoria Pública vem acompanhando o sistema de saúde municipal. É feito um monitoramento do sistema de internação dos leitos de UTI. E, em alguns casos, a Defensoria intervém com os mandados, por entender a necessidade  de transferência do paciente. Mas na maior parte dos casos, familiares dos pacientes vão até a Defensoria fazer a solicitação. O que, segundo ela, é o ideal para que se possa, inclusive, diminuir o tempo de cumprimento do mandado determinado pelo juiz. 

    De acordo com a Secretaria de Saúde, vem sendo estudada a implantação de um Serviço de Urgência e Emergência em Itaipava, para os pacientes daquela região. Atualmente, o atendimento destes pacientes tem se concentrado na emergência do HAC. Questionada sobre a carência de leitos, a secretaria informou que o município está em fase de contratualização de cinco novos leitos de UTI. E que, neste mês, em quatro dias, 15 dos 26 pacientes que aguardavam leito de UTI conseguiram internação. 

    Em nota, a secretaria informou que está acompanhando as demandas de leitos para tratamento intensivo e não mede esforços para que os encaminhamentos sigam conforme os critérios de protocolo médico das unidades. Nos últimos três anos, o sistema público de saúde recebeu mais 44 mil pessoas oriundas de planos de saúde. Hoje, 220 mil moradores recorrem à saúde pública, o que corresponde a mais de 70% da população. Para atender ao aumento da demanda, a prefeitura aumentou o orçamento deste ano para a área, hoje em R$ 329 milhões anuais.




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