• Uma bofetada diplomática

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  • 11/10/2017 08:25

    Há um detalhe que muito me impressionou pela peculiaridade do fato em si, se a maioria dos brasileiros, como sempre, é arrogante e bairrista (mas não patrióticos) – fazem chacotas com os portugueses e seu país, mas o que muitos nunca atentaram é que Portugal, mal comparando, tem uma área pouco menor que o estado de Pernambuco; 2,5 vezes que São Paulo (o estado mais rico) e 3,5 vezes que o Maranhão (um dos estados mais pobres) e vejo agora na tv que é o país mais procurado pelos estudantes brasileiros, para complementação de seus cursos, pela facilidade em tudo além de extremamente organizado e produtivo. 

    A imprensa não comenta mais, mas o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, que sofreu um grande incêndio, deve receber – se já não recebeu – uma doação de Portugal para recuperá- lo, já que nem o estado nem a federação possuem recursos disponíveis para tanto. Eu, particularmente, sinto vergonha e humilhação, mas como o país não tem mesmo pudor – em todos os sentidos – aceita o que para mim, é uma bofetada diplomática que recebe mas que ninguém se abala.

    Portugal tem uma extensão (em números redondos) de 92 mil m2 de área; Pernambuco é maior, com 98 mil m2; São Paulo com 248 mil m2, enquanto o Maranhão com 330 mil m2 é um dos estados mais pobres dentro do império da família Sarney – é ou não uma bofetada comluvas de pelica, mas com toda a elegância diplomá- tica que Portugal possui.

    Tal comparação, por mais esdrúxula e descabida que possam pensar, aquilata bem o descaso e incompetência de nossos administradores públicos que tanto falam, tanto prometem e nada cumprem, demonstrando o verdadeiro caráter de tal segmento e que reflete numa boa camada do escalão abaixo, dos grandes empresários – sempre mancomunados com eles – como bem atestam as diversas empreiteiras e o maior frigorífico do mundo, que não estão botando dinheiro pelo “ladrão” porque a ganância é muito grande, o cofre é maior que diversos tonéis juntos, maior que a goela de cada um e não aceitam concorrentes para ter um “ladrão” qualquer e descartar o excedente que nunca alcança.

    Convenhamos – ninguém atentou para o detalhe, ninguém sentiu vergonha, ninguém teve pudor de ver o país, indiretamente, tão humilhado, já que Portugal está sempre pronto para ajudar o Brasil e deve estar fazendo a doação por princípios básicos que falta a nós de cá, que não possuem “princípios” – somente meios e fins. 

    E, trocando em miúdos, nos faz lembrar da primeira visita – há décadas passadas – do comediante Raul Solnado, que, durante a entrevista, foi questionado: “Lá em Portugal fazem piadas com os brasileiros como aqui se faz com os portugueses?” – e ele, muito tranqüilo, respondeu somente – “E é preciso?” jrobertogullino@gmail. com. 

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