• “Túnel deveria ter sido monitorado depois da paralisação das obras”

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  • 14/11/2017 11:45

    Para o professor de engenharia da Universidade Católica de Petrópolis (UCP), Ricardo Franciss, o abandono da obra do túnel que faz parte do projeto da nova pista de subida da serra, e a falta de um monitoramento após a paralisação dos trabalhos, por um período muito longo, podem ter sido as causas do desabamento que ocorreu há uma semana, na altura do quilômetro 81 da BR- 040, na Comunidade do Contorno. A cratera de quase 70 metros de profundidade se abriu bem no local por onde o túnel passa.

    “Não vi o projeto de construção do túnel e também não pude avaliar o local do desabamento, mas uma obra desse porte não pode ser abandonada sem que seja feito um ‘projeto de abandono’. Na engenharia existem técnicas e ações que devem ser feitas quando uma obra for paralisada, a que damos o nome de projeto de abandono. E pelo que estamos vendo não foi o que aconteceu no túnel, que poderia ter recebido, por exemplo escoras, que dariam sustentação à construção”, disse o professor.

    As obras do túnel, que custaram R$ 400 milhões, estavam sendo feitas pela concessionária que administra a rodovia – Concer – e estão paralisadas desde julho do ano passado. Na época, a concessionária alegou falta de recursos para dar continuidade aos trabalhos e que aguardava a liberação de recursos da União. O professor ressalta que obras paralisadas devem ter um acompanhamento do solo constante, principalmente em situações onde o terreno conta com rochas com fissuras ou “moles” e onde há passagem de água. 

    “O solo naquela região é composto de rocha fissurada e mole, e ainda tem a questão do talvegue (curso de água). Essas combinações favorecem a ocorrência de desastres e por isso é preciso um acompanhamento de toda movimentação do solo”.

    O projeto da nova pista de subida da serra prevê a construção do túnel com cinco quilômetros de extensão localizado a 70 metros de profundidade. Do desemboque ou saída, até o ponto do desabamento, o trecho do túnel mede cerca de 600 metros. Desse ponto até outra comunidade – Rua Galdino Pimentel, no Bingen – o túnel já chega a 1.600 metros e está completamente alagado.

    Para o professor, o alagamento do túnel demonstra que não houve obras de drenagem eficazes o que seria essencial em terrenos onde há cursos de água. “Antes de um túnel ser concluído é preciso ter um bom projeto de drenagem, o que seria essencial na região da BR-040. A água que está no túnel deve ser drenada para que a estrutura da construção seja verificada”, recomendou. O professor ressalta ainda que a chuva pode complicar a situação e causar novos desabamentos. “Ali existe uma pressão para baixo, a água da chuva vai ocupar os espaços das fissuras e podemos ter novos deslizamentos. Temos uma rocha fissurada e água fazendo pressão no teto do túnel que pelo o que nos foi passado não está com a sua estrutura de sustentação concluída”, alertou Ricardo Franciss.




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