• Trova, o adorno da poesia

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  • 09/12/2016 12:00

    Petrópolis já abrigou tantos poetas e ainda abriga, mas que vão se obscurecendo pelo descaso das pessoas que não mais se interessam pelo segmento autêntico, se ninguém entende a poética na boca dos “ditos” intelectuais, jogando na lixeira do esquecimento outros estilos como a eterna trova, sempre cantada em cada rincão deste país.

    E aqui ainda abriga uma seção da União Brasileira dos Trovadores (UBT) comandada por seu dedicado presidente, prof. Roberto Francisco. Foi residência, por um período, do eterno Príncipe dos Trovadores, Luiz Otávio e ainda ostenta e dá acolhida à sempre rainha dos trovadores, Glorinha Rattes, galgada neste ano à condição de Comendadora dos Trovadores, no Festival de Guarapari . E quem sabe de tais “chancelas”, mesmo considerando que possui a primeira e única Academia dedicada exclusivamente ao segmento, sem que a maioria de seus integrantes conheçam tais fatos? Não se interessam e, menos ainda, lembram que em 30.10 marcou os 121 anos de nascimento de nosso patrono Raul de Leoni, eterno esquecido e ignorado.

    Não se fazem mais poetas como antigamente! Todos são egocêntricos, querem se intitular como tal sem nada conhecer, sob o eterno chavão de que poesia é “inspiração”, mas só se esquecem de que tal refrão é contagiante e que todos aceitam sem raciocinar pois, se tal não fosse, para tudo na vida há necessidade de “inspiração” sem o que nada se faz neste mundo de “insipientes”.

    Assim, faz-se o que pode para preservar a memória, tão desprezada pelo “modernismo”, na falta do que, perder-se-á a referência de tudo em poesia. Resta então ao prof. Roberto Francisco peregrinar por searas inférteis cantando belas trovas dos mais variados autores e à eterna Rainha Glorinha Rattes recolher milhares de suas trovas para registrar em livros, pelo menos para perpetuar seus belos trabalhos e, talvez, ensinar às gerações que aí estão para mostrar o estilo mais puro e delicado da poesia que, em quatro linhas, tudo se diz com humor, com delicada graça ou com profunda filosofia do sentimento do trovador. Aproveitando, algumas trovas de Glorinha Rattes: “1) Quem de nós que não viveu / altos e baixos na vida?/ O quanto o corpo sofreu / fica a alma agradecida. – 2) A morte não é malvada,/ às vezes, é um anjo manso / – se a dor é carga pesada,/ ela nos dá o descanso. – 3) Nas andanças pelo mundo / nós temos que compreender, / que o viver é ato profundo / que só Deus pode entender. 4) A minha alma se ajoelha / ante a luz do trovador / e fica igual uma abelha / sugando o néctar da flor”. E em Guarapari, em julho, recebeu o 1º premio no Congresso de Poetas Trovadores de 2016. O título de rainha tem duração anual, mas é sempre homenageada como tal pois já diz o velho refrão – “quem é rei não perde a majestade”.

    Assim, cada vez vai a cultura se deteriorando e, cada vez mais, aceleradamente. São os eternos “sapientes insipientes” que tudo destroem, insistindo em tudo fazer e nada realizando. E completando, digo – “Escrevendo cada crônica / vou empurrando a vida, / é passatempo qual tônica / que ameniza minha lida”.

    jrobertogullino@gmail.com 

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