• Tristeza e comoção marcam velório de Moser

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  • 10/03/2016 17:08

    Milhares de pessoas foram hoje dar o último adeus ao Frei Antônio Moser, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Entre elas parentes que vieram de Santa Catarina e amigos de diversas partes do Brasil. O velório teve início às 20h30 de quarta-feira, quando foi celebrada uma missa com os Freis da Diocese de Petrópolis. Na ocasião, estiveram presentes as autoridades da cidade. O corpo do Frei Moser ficou no local até as 13h, quando seguiu para a Catedral São Pedro de Alcântara. 

    Maria Moser, irmãzinha da Imaculada Conceição, é a única irmã que restou da família de 13 irmãos do Frei. Ela contou que três morreram ainda criança e, dos 10, só restaram ela e o Frei Moser, os caçulas da família. Aos 82 anos, saiu de Itajaí, em Santa Catarina, na tarde de quarta-feira, em direção ao aeroporto em Florianópolis. Por causa do trânsito entre uma cidade e outra, perdeu o avião das 17h e só pôde vir para o Rio na manhã de ontem, onde chegou por volta das 8h30. De lá, parentes a buscaram para trazê-la para o velório do irmão em Petrópolis. 

    Freira desde os 25 anos, ela contou que mantinha contato com o irmão por telefone e quando ele ia para Itajaí a visitava. Em dezembro disse que o Frei comemorou os 50 anos como padre, em Santa Catarina. “Celebrou duas missas e teve muita comemoração. Ele estava muito feliz e realizado”, afirmou ela, lembrando ainda que quando o irmão concluiu o Doutorado em Roma, ela participou da formatura. “Na época, passei um mês na Itália e depois acabei indo trabalhar lá”, contou. 

    A notícia da morte chegou em Itajaí na manhã de quarta-feira. “Recebemos uma ligação de uma amiga de São Paulo, depois uma sobrinha nos ligou e a notícia começou a ser amplamente divulgada pelos meios de comunicação”. 

    A família Moser vivia em Gaspar, município de Santa Catarina. Segundo Maria, desde criança o Frei sempre foi uma pessoa amiga. “A vida toda trabalhou em prol das pessoas, fazendo o bem. Todos gostavam muito dele. Sempre foi um elo na família e vamos sentir muito a sua falta, mas sei que por ter sido uma boa pessoa, ele está bem, está em Deus e cumpriu a missão dele aqui. Isso me tranquiliza”, declarou, dizendo que o irmão havia avisado sobre a gravação do programa na Canção Nova, para onde estava indo, antes de ser abordado. 

    Muito emocionado, o Bispo Emérito da Diocese de Santo Amaro Dom Fernando Figueiredo, que presidiu a Missa na Catedral, lembrou que ele e o Frei Moser eram amigos há 50 anos. “Nos conhecemos em Petrópolis quando éramos estudantes de teologia. Logo, fomos convidados para estudar na França, ele na área de Teologia Moral e eu Teologia Dogmática e os primeiros anos da história da Igreja. Depois passamos um tempo em Roma. No Brasil, o Frei Moser foi um grande professor da área e referência nas disciplinas de Moral e Ética”, afirmou. 

    Juntos, trabalharam ainda na Baixada Fluminense. Na época, os dois eram professores durante a semana em Petrópolis e nos fins de semana desciam a serra para atuar em Piabetá e no Rio D'ouro. Sobre a personalidade do grande amigo disse que sempre foi um homem alegre, ativo e até desassossegado. “Estava sempre procurando o que fazer, tomando iniciativas. Ele tinha uma visão extraordinária do mundo real, do Brasil, da vida, da Igreja”, ressaltou. 


    Durante as cinco décadas disse que manteve uma amizade sincera com o Frei. Para Dom Fernando, a forma como ele se posicionava, sempre de maneira clara, era encantadora. “A morte dele para mim é um momento de profunda dor. Pela amizade, vínculos e também pelo modo em que ele foi levado. Um homem que ao longo da vida, se entregou aos simples e humildes em benefício de todos”.


    Frei Moser foi morto a tiros na altura da Baixada Fluminense, por volta das 6h10, de quarta-feira. Na ocasião, estava indo para o aeroporto onde ia embarcar para São Paulo, para gravar um programa na Canção Nova. Dom Fernando acredita que não há explicação e nem justificativa para tirar a vida de uma pessoa. “Sabemos que existem dificuldades e por isso acontecem os assaltos, mas a vida é um dom sagrado de Deus, jamais deve ser tirada”, finalizou. 


    No velório, amigos relembraram a história e benfeitorias do Frei Moser

    A teóloga Maria Helena Arrochelas lembrou que ele foi responsável pela criação do curso gratuito de Teologia Bíblica, que funciona na Comunidade Menino Jesus de Praga, no Bingen, e ainda pela construção da Igreja Santa Edwiges, entre tantas outras. “Tudo que ele se metia a fazer dava certo. Não é atoa que levantou a Editora Vozes, o Instituto Teológico Franciscano e o Terra Santa”, disse Maria Helena, que foi aluna do Frei. Ela acrescentou ainda que ele falava para todas as camadas sociais da mesma maneira, sem discriminar ninguém. “Uma perda grande para a nossa cidade. Aqui estamos sentindo a comoção de todos”, contou ela, durante o velório na Igreja. Para Maria Helena, agora o importante é continuar as obras do Frei, principalmente o projeto do Terra Santa.


    O padre Oscar Beozzo, amigo do Frei Moser há 40 anos, recebeu a notícia pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ele estava em São Paulo, onde trabalha e veio para Petrópolis se despedir. Beozzo lembrou que conheceu o Frei na Editora Vozes, na época em que ficou três meses na cidade. “Desde que ficamos amigos, ele sempre apoiava os cursos que eu fazia em São Paulo. Era um homem muito inteligente, decidido e perseverante. O que assumia levava para frente. Despachado, resolvia tudo na hora e ainda achava tempo para estudar e escrever”, disse. 

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