• Sistema de transporte público caro e ineficiente reduz o número de usuários de ônibus

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  • 21/05/2018 16:45

    Com um sistema de transporte público caro e ineficiente, cada vez mais pessoas estão deixando de andar de ônibus e buscando alternativas para ir e voltar ao trabalho. Um levantamento do Sindicato das Empresas de Transporte (Setranspetro) revelou que em quatro anos (entre 2014 e 2017), o sistema sofreu uma queda de 13.5% no número de passageiros pagantes, ou seja, cerca de 500 mil transações deixaram de ser feitas. E só no primeiro trimestre de 2018, já uma houve uma redução de 6%.

    No lugar dos ônibus, os petropolitanos estão optando pelas bicicletas, por carros e motos, ou até mesmo andar a pé. O que também está em alta é o Uber, cada dia mais as pessoas estão optando por este serviço para fazer o trajeto de casa para o trabalho e vice e versa. O Uber começou a funcionar em Petrópolis em janeiro, após uma longa discussão na Câmara Municipal.

    "Troquei o ônibus pelo Uber pela comodidade e pelo valor. Além disso, há muito mais disponibilidade de horário e é mais seguro", disse o gerente comercial, Josemar Lemos Alves, de 44 anos, que usa o serviço diariamente entre a Castelânea e o Quitandinha. "Desde novembro, eu comecei a usar o Uber para voltar para casa depois do trabalho. Como saio tarde, já fiquei horas aguardando por um ônibus que demora a chegar e, quando chega, não é confortável e nem rápido. Ganho muito mais com o serviço do que andando de transporte público", ressaltou Josemar.

    Segundo ele, vários funcionários do restaurante onde trabalha também optaram pelo serviço. "Os ônibus estão sempre quebrando, isso quando não estão superlotados. Já cheguei a pegar um que chovia dentro. A passagem é cara e não oferece qualidade", ressaltou Josemar, acrescentando que muitos dos seus familiares também estão trocando o transporte coletivo pelo novo serviço.

    Para o Setranspetro, quanto menos usuários no sistema, mas caro será o valor da passagem. É uma conta que não fecha. "O custo do sistema é dividido pelo número de passageiros que pagam passagem. Todos os anos, o custo do transporte vem aumentando porque os componentes da estrutura do custo da tarifa sofrem reajuste, com destaque para a folha de pagamento, com reajuste anuais dos salários e benefícios dos rodoviários; aumento significativo do óleo diesel e itens de rodagem", informou em nota o sindicato.

    "São vários fatores que levam as pessoas a deixar de usar o ônibus: desemprego, falta de qualidade do transporte, as facilidades do Uber e de comprar o próprio carro.Tem muita gente trabalhando em casa também. Além disso, nossa cidade é pequena e alguns trajetos podem ser feitos a pé. Infelizmente, essa situação acaba impactando diretamente na mobilidade urbana, são mais carros na rua", destacou Carla de Souza Valle, de 42 anos, integrante do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes (Comutran).

    Dados do Departamento de Trânsito (Detran) do Estado do Rio de Janeiro confirmam a tendência do petropolitano em optar pelo carro e moto para sair de casa: em abril deste ano, a frota de veículos na cidade era de 168.232 mil. No mesmo período do ano passado, o número era de 163.439 mil veículos registrados no Detran, ou seja, um aumento de quase 3% na frota petropolitana.

    Segundo Carla, estão sendo discutidos no Comutran ações que visam melhorar a mobilidade urbana em toda a cidade. "Estamos avaliando, emitindo pareceres e dando ideias para esses projetos. Alguns são bem interessantes e que tem como objetivo estimular os passageiros a usar o transporte coletivo. São ações importantes e que devem ser colocadas em prática para dar mais fluidez e qualidade ao trânsito", frisou.

    Um dado divulgado pelo Setranspetro e que chama a atenção é o aumento de passageiros no sistema de integração de 163% entre 2014 e 2017. Outro número interessante é a quantidade de transações de passageiros que possuem o benefício da gratuidade: são mais de 1 milhão por mês. Para o sindicato, este é um momento de focar em ações que desonerem a tarifa, isenções e reduções tarifárias, fontes de custeio (além do passageiro pagante), práticas que otimizem e racionalizem o sistema e promovam a mobilidade urbana gerando rapidez e conforto para os deslocamentos por meio do transporte coletivo.

    Em nota, a Companhia Petropolitana de Trânsito, informou que vem fazendo sua parte para cobrar das empresas de ônibus um transporte mais eficiente e atrativo para os usuários. No ano passado, de acordo com a CPTrans, as cinco empresas autorizadas a funcionar na cidade receberam 1.661 multas, a maioria delas, 1.305, foi como punição por deixar de realizar viagem determinada.

    A CPTrans informou ainda que vêm buscando alternativas viárias com o estudo de novos itinerários para as empresas, diminuindo o tempo de viagem e garantindo o cumprimento dos horários. A companhia ressaltou também que atua para garantir a renovação da frota de ônibus – com 35 ônibus novos entrando em operação até dezembro deste ano e que a cidade acabou de receber quatro novos veículos, zero quilômetro, de 46 lugares cada. 

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