• Quem sabe!

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  • 22/04/2016 11:50

    Com imensa satisfação, em razão de não nos vermos há quase um ano, recebemos a visita de um casal amigo recém chegado de São Paulo, capital.

    Relatou-nos, em primeiro lugar, depois de abraçar-nos, que a saudade do Rio de Janeiro, onde reside, era enorme, eis que ambos nasceram naquela cidade, sem falar dos familiares com os quais só mantinham contatos por meios virtuais.

    Sem filhos, marido e mulher partiram para São Paulo, só retornando ao Rio de Janeiro com o objetivo de comparecer ao sepultamento de um ente querido. 

    Os compromissos profissionais assumidos na capital paulista somente assim lhes permitiam.

    Contou-nos, entretanto, que a estada na capital paulista tornou-se absolutamente proveitosa especialmente no campo profissional.

    Ambos aperfeiçoando seus estudos em respeitável universidade daquela capital.

    O tempo muito escasso para passeios, e os estudos e pesquisas sempre em primeiro plano.

    Entretanto, procuraram visitar, em momentos apropriados, pontos turísticos em busca de lazer e participar, quando possível, de eventos culturais, em especial um bom espetáculo teatral.

    A esposa, dotada de personalidade afável e sempre aberta a novas amizades; o marido, por outro lado, reservado e mais dedicado às aulas do importante curso por ambos frequentado. 

    Disseram-nos que, na medida do possível e às correrias, ainda puderam visitar o vizinho estado do Paraná, numa excursão em companhia de outro casal, residente em Fortaleza por alguns anos, em razão da atividade profissional do marido, este último recém transferido para São Paulo.

    Na conversa por nós mantida com o casal querido, que gentilmente acolhemos em nossa casa, conversamos sobre assuntos diversos, relembrando encontros mantidos em Petrópolis e eles nos relatando, com clareza de detalhes, sobre o estilo de vida do povo paulista, seus costumes e gostos, dando ênfase especial para a capital, São Paulo, que muito apreciam.

    De toda a conversa mantida, um fato nos chamou a atenção, no momento em que a esposa, muito franca, relatou-nos sobre uma festa beneficente para a qual foram convidados pelo casal cearense, agora residente numa cidade situada nas imediações da capital.

    Disse-nos a esposa que, realmente, foi um belo encontro festivo, cuja  renda, segundo a anfitriã, seria destinada em prol dos mais necessitados.

    Todavia, conversa vai, conversa vem, eis que a atenção se volta, novamente, para a tal festa.

    E a esposa, alegre, depois de apreciar um saboroso vinho, deixa escapar o seguinte: meus amigos, qual a nossa decepção quando percebemos que comentários corriam pelo salão a propósito de que a renda da “festa beneficente” se dirigia não aos “pobres de Paris”! Que horror, asseverou!

    Deixamos o recinto sob desconfiança ou tentando entender ter prevalecido a maledicência dos comentários por parte de alguns dos convidados.

    A noite já se esvaía, a madrugada chegando e a conversa continuava animada, relembrando Petrópolis, o Rio de Janeiro tão querido do casal, a triste política nacional, a inflação, o impedimento da Presidente e outros assuntos, quando, de repente, já ao apagar das luzes, nos veio à mente, com relação aos comentários da festa, relativamente ao destino do dinheiro apurado pela anfitriã, o que descreveu o poeta: “Muito chá de caridade…. promovia Dona Emília, mas sua renda, em verdade, ficava, sempre, em família”.

    Será?

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