Poderosos que se julgam

Assustadora, verdadeiramente assustadora e difícil de assimilar a atual conjuntura política vigente no país. Estamos entregues à sanha vergonhosa de perversos políticos que de tudo fazem, em artimanhas mimetistas, na defesa de suas odiendas sinecuras, seus mandatos oriundos da corrupção, suas mordomias e roubalheiras que envergonham a condição humana.

Os poderes da republiqueta (isto mesmo!) batem cabeças, escondem-se por detrás de privilégios de foros indecentes, mesmo que legais, sem o mínimo pudor e vergonha de encarar os filhos. E muitos filhos e famílias navegam nas mesmas naus desses bucaneiros do século XXI. Os maus políticos não têm pudor e nem conteúdo cristão dentro de si. Desejam o botim, o assalto, o roubo, os bolsos cheios de USus-verdinhas, não importando quantos inocentes dizimam a cada milésimo de segundo.

A essa malta insensível junta-se a população, quando nela vota nos pleitos eleitorais, permanecendo açoitada junto aos remos nos porões das naus, acreditando que as moedas de ouro serão divididas com todos, tão logo cheguem às tabernas imundas onde se reune a pior escória da humanidade. Os poucos que partilham do botim, afundam os navios com todas as tripulações e correm aos paraísos fiscais para a nababesca ostentação de riqueza e poder.

Vão e voltam para garantir presença no saque e jamais largam as baixarias, sempre renovadas e ampliadas com novas bandalheiras, sob sorrisos cínicos e a inocência da ignorância que tão bem cabe nos seus perfis de fraudadores da decência e da lisura.

Esse pequeno grupelho legisla, julga, executa ou absolve, poderosos que se julgam, porque os marinheiros das naus contentam-se com o rum ordinário e o milho carunchado como refeição.

Triste país, triste povo sustentador da minoria frequentadora das luzes do Times Square, das caves de Paris, do luxo muçulmano e tomando chá com as gueixas japonesas. Mas, o que fazer se o povo está preocupado com o próximo carnaval, com o preço do ingresso do Maracanã e ainda canta marchinhas carnavalescas do tipo “Mangueira, teu cenário é uma beleza…”