• Ocupação acelerada pode provocar problemas

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  • 29/04/2018 00:15

    Mesmo com a crise, Petrópolis vem se tornando, nos últimos anos, um grande polo do mercado imobiliário. Atualmente, muitos empreendimentos estão sendo construídos no município, como condomínios residenciais de grande porte financiados pelo Minha Casa Minha Vida. Uma pesquisa feita pela equipe da Tribuna, aponta que só na Estrada União e Indústria, entre o Prado e Corrêas, serão entregues mais de 860 apartamento, até 2019. 

    Com base  na média nacional de pessoas por domicílio, estes imóveis em construção poderão ser habitados por cerca de 2,6 mil pessoas.  Levando em consideração que cada apartamento pode ter um carro, serão 860 veículos a mais no mesmo trecho. Segundo o arquiteto e urbanista Adriano Moreira Gomes, um caos viário está anunciado. E a Prefeitura também constrói um conjunto habitacional no bairro do Carangola. 

    O caos viário que Adriano prevê  já é sentido atualmente. Segundo ele, os três empreendimentos construídos no bairro de Corrêas, (Cenário de Monet da RioOito Incorporações, Palmeiras do Prado e Bosque de Montreal da Sola Construtora) já são suficientes para criar um “caos” na União Indústria. Hoje, os problemas de trânsito na via são muito mais graves. Do Prado até Corrêas, os motoristas já enfrentam um grande congestionamento em horários de pico. 

    “Uma rótula deveria ter sido feita ali, talvez com uma segunda ponte para Corrêas ou uma ligação do Prado com a Estrada Mineira, escoando o grande fluxo de carros. No mínimo, quando esses empreendimentos foram iniciados, era necessário planejar por onde e como circulariam os moradores”, disse o urbanista.


    Falta de planejamento

    Adriano destaca que o planejamento, antes das construções, é de suma importância para a cidade. Segundo ele, tudo isso precisaria ser feito dentro de um planejamento maior: em quais lugares da cidade esses empreendimentos poderiam ser realizados, em que proporção, e o que precisaria ser feito de investimentos públicos ou privados para suportar grandes mudanças urbanísticas como essas. 

    “A cidade é um conjunto de construções e infraestrutura. Em todos os lotes é necessário ter rua, água, esgoto e luz, que são coisas básicas, mas é preciso também, drenagem, comércio, escola, hospital e transporte urbano. A cidade não é só o prédio, é o conjunto de todas essas coisas. Falta planejamento de médio e longo prazos para juntar os dois investimentos, o público e o privado.”

    “O planejamento é o pulmão da cidade, sem esse planejamento a cidade vai crescer de maneira desordenada e uma hora ela vai dar um nó. A cidade é muito complexa, é como se pegássemos milhares de linhas e cada um está puxando uma linha para o seu lado, com isso está se formando um nó que a cada dia fica mais difícil de ser desfeito. Mas, com o planejamento, esse fios darão forma a um tecido pensado e com um resultado final ideal. Os empresários estão ai para empreender, mas cabe ao município legislar e planejar. O empresário não vai fazer isso.” acrescentou.

    O bairro de Corrêas, um dos bairros que mais tem recebido investimentos como esses, é um local com serviços básicos. Mas, de acordo com o urbanista, existe um problema, o principal acesso do Centro da cidade a Itaipava, é feito pela Estrada União e Indústria. Com esses empreendimentos ao longo da via, isso acarretará em um impacto viário gigantesco.

    “São muito mais carros nesse trecho. Só em um dos condomínios de Corrêas são esperadas mais de 1000 pessoas, levando em consideração a média nacional. Imagine quantos carros a mais teremos trafegando no local.” salientou Adriano. O urbanista diz que a falta de planejamento se deve à inexistência de uma secretaria ou um instituto específico para essa tarefa.

    “Hoje o setor está dentro da Secretaria de Obras e planejamento que não tem nada a ver com obras. No planejamento, são estudados os dados, determinados os caminhos e, depois, podem ser realizadas as obras.” 


    Andamento das obras

    Sobre os condomínios citados, o “Palmeiras do Prado” já está com 100% das obras concluídas e os apartamentos sendo entregues aos compradores; “Bosque de Montreal” localizado no início da rua Carvalho Júnior, em Correas, está com 49% com prazo de entrega para março de 2019; “Bosque de Nogueiras” foi recém-lançado e tem previsão para término das obras em janeiro de 2021, os três empreendimentos são da Sola Construtora. O “Cenário de Monet” da RioOito Incorporações, localizado na Rua Visconde de Taunay, esquina com a União Indústria, está com obras bem adiantadas, mas não recebemos informações detalhadas da a empresa. O condomínio pode ficar pronta ainda esse ano.


    Respostas

    Procuramos as duas empresas questionando sobre a existência de um planejamento de impacto urbano nos locais onde estão sendo construídos os imóveis. A construtora Sola, mandou a seguinte nota: Todos os nossos projetos foram aprovados em todas as instâncias obrigatórias e atendem plenamente às posturas municipais. 

    A RioOito Incorporações foi procurada por nossa equipe mas até o fechamento dessa edição, não recebemos uma resposta oficial.

    A Prefeitura informou por meio da Coordenadoria de Comunicação que mantém o Grupo de Análise de Empreendimentos (GAE), compostos pelas secretarias de Obras, Gestão Estratégica, Meio Ambiente, Assistência Social, CPTrans e Comdep. E que os empreendimentos são autorizados mediante aplicação de soluções de mobilidade e saneamento, entre outros, baseados em exigências que atendem à legislação em vigor. 

    Sobre o condomínio do Minha Casa Minha Vida, faixa um, são 776 unidades, com 88,5% das obras já realizadas, a Prefeitura diz que, no local, estão previstas pavimentação e drenagem e a construção de uma unidade de saúde e uma creche.

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