• O lixo e o detrito

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 03/02/2018 08:00

    Depois do populismo com prosperidade pastel de vento de Lula – que, a fim de engordar os ricos e dar migalhas aos pobres, jogou no lixo a oportunidade econômica dada pela conjuntura internacional favorável – veio Dilma. O “poste” que manteria aquecida a cadeira que Lula viria retomar. Deu ruim. A desastrosa Roussef, arrogante, não quis brincar de dança das cadeiras. Vieram as mega manifestações de 2013, as vaias na Copa e na Olimpíada, a suja campanha em que, ela declarou, “fez o diabo” para se reeleger por um fiapo de votos. A corrupção revelada pela Lava Jato desestabilizou seu governo ruinoso. Veio o inevitável impeachment. Temer, vice dos sonhos de Lula e Dilma, aumentou o circo de horrores, instalando nova quadrilha velha no Planalto. Seguem-se as prisões de petistas e peemedebistas, as sujeiras do PSDB, a condenação de Lula. A velha jararaca jura que ainda tem veneno e com ele intoxica plateias, radicalizando certa militância cega que imaginou incendiar o país. Com a derrota no TRF4, sob absoluta indiferença popular, bateu desespero. Berram que forçarão a candidatura Lula até o final, mas a maioria dos petistas quer mesmo é continuar a respirar os favores do poder, e para isso constroem planos B, D e Z.

     Embaralha mais esse quadro o fator Temer. Impopular, malquisto, malvisto, mas equilibrista do ilícito político, ele se mantém à custa de negociatas, manobras e julgamentos encomendados em tudo que é Tribunal. A economia, depois de bater no fundo do poço, começa a dar sinais de vida, mas muito à custa de reformas que metralham direitos dos mais fracos. Isso favorecerá candidaturas anti-Temer. Até mesmo a candidatura petista, ainda mais se Lula “sobreviver” até lá. É improvável, mas se não estiver preso, requentará sua velha mitologia de perseguido guerreiro dos pobres. Falsidades de um traidor dos ideais da esquerda, mas ainda vendável para desavisados.

     Um deserto de opções, filho do PT. Que fez ao país o desfavor de cooptar a esmagadora maioria das legendas de oposição, e das organizações sociais, associações e sindicatos. Isso não produz alternativa que se alteie anunciando esperança e dias melhores. Daí, cadáveres políticos se encorajam a deixar suas tumbas. Collor anuncia sua candidatura diretamente da mesma Alagoas de onde saiu em 1989 para se tornar a lamentável desgraça política que pensávamos já ter superado. E a máquina do tempo regride ainda mais, com o discurso odioso, chauvinista, pró ditadura militar, em defesa de torturadores, com que – à falta de opções – Bolsonaro seduz desiludidos que imaginam nele a mão forte que reporia o país nos trilhos. O desastre petista ressuscitou como equívoco o dito “eu era feliz e não sabia”, de gente saudosa de um suposto empreendedorismo collorido, ou da des-ordem verde-oliva.

     Será um ano penoso, difícil. Em par com o desiludido cansaço dos mais velhos, vejo grande ansiedade nos jovens. Iludidos e confusos, muitos se oferecem ao colo de Lula ou Bolsonaro. E radicalizados. O que indica que teremos campanha pesada, suja, de impropérios, que subirá muitos tons na selvageria de 2014. A não ser que surja no horizonte boa novidade, que mobilize esperanças saudáveis. Até o momento, isso não está posto. A escolha deverá ficar mesmo entre o desastroso e o lamentável, o ruim e o péssimo, o monstruoso e o fraco. O lixo e o detrito. Quadro difícil que sempre consagra a coligação da abstenção com os nulos e os brancos.

    denilsoncdearaujo.blogspot.com

    Últimas