• No bloco da saúde mental

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  • 09/02/2018 12:50

    O início do ano serve como convite à reflexão sobre nossa saúde mental e o quanto negligenciamos o próprio bem-estar, na batalha diária pela sobrevivência. Se pararmos para pensar, veremos que, quando a cabeça não vai bem, tudo tende a ficar mais difícil.

    A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu, em 1948, saúde como completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doença. Apesar de parecer um conceito utópico, nos dias atuais constatamos a falta de saúde por termos talvez negligenciado este conceito, dando durante muitos anos ênfase às doenças do corpo. A psiquiatria por muitos anos se limitou às patologias, isolando para tratar nos manicômios, onde a exclusão social e alienação perpetuaram por muitos anos.

    Na década de 90, com a Declaração de Caracas, vinculou-se a atenção psiquiátrica à atenção primária em saúde. A Reforma Psiquiátrica Brasileira, garante à população assistência integral nos serviços públicos de saúde sem qualquer tipo de exclusão. Em 2002 se estabeleceu a construção de novos serviços públicos de saúde mental, os Centros de Atenção Psicossociais (Caps) como o dispositivo para atendimento às pessoas em sofrimento psíquico severo.

    Falar sobre saúde mental é prevenir o surgimento de doenças mentais, minimizar o sofrimento humano, dentre eles o dano causado pelo preconceito e exclusão. É preciso debater o assunto, ouvir com atenção os pacientes e especialistas e ter gestores comprometidos com a causa. Só assim estaremos contribuindo efetivamente para um Sistema de Saúde equânime, integral e universal.

    Infelizmente, ainda é cruel a realidade vivida pela saúde mental. Os serviços estão ameaçados e os profissionais sobrecarregados de trabalho por conta do déficit de dimensionamento e aumento da demanda de usuários que necessitam de atendimento. A falta de profissionais, insumos e medicamentos afetam o tratamento. A falta de repasse de recursos e a atual gestão do Ministério da Saúde tem abalado severamente o futuro da assistência de saúde mental. É preciso não se conformar, dizer não à exclusão e gritar, manicômios nunca mais!    

    Em clima de Carnaval, vale prestar atenção ao recado dado pelo bloco carnavalesco do IPUB fundado em 2004 , o Tá Pirando, Pirado, Pirou. Em seu enredo defende a Reforma Psiquiátrica e o SUS dos ataques que sofre, bem como os Caps, ameaçados atualmente de fecharem.

    “Nenhum passo atrás, nenhum serviço de saúde a menos, manicômio nunca mais! Que a força da imaginação de Dona Ivone Lara esteja conosco e nos inspire nesta luta”, diz o manifesto do bloco. Para quem não sabe, a primeira-dama do samba, de 96 anos, se formou enfermeira e depois em assistente social. Integrando a equipe da Dra. Nise da Silveira, promovia oficinas de música e buscava localizar familiares dos internos para tentar restabelecer laços familiares, trabalhando por 38 anos na psiquiatria até se aposentar em 1977.

    Diversas instituições de ensino de Enfermagem a têm como musa inspiradora, como a Faculdade de Enfermagem Arthur Sá Earp Neto/ FASE, em Petrópolis, onde formamos enfermeiros comprometidos com a saúde mental para atuarem desde a prevenção até a reabilitação, livres de exclusão, pautados na ética, conhecimento científico e solidariedade. Os alunos também desenvolvem ações de promoção em saúde nas escolas. Podemos dizer que estamos aqui na luta pela saúde mental em todos os níveis de atenção à saúde.   

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